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O Papel do Teólogo e o
2003-12-09 16:55:10

Um dos últimos livros publicados por Juan José Tamayo intitula-se "Novo Paradigma Teológico". É sobre o "adeus à teologia dogmática", explica o estudioso ao PÚBLICO. "Estamos no fim de um ciclo teológico, marcado pela teologia fundada em dogmas; a proposta é de um novo paradigma teológico", fundado na "interculturalidade" - uma "teologia que não se sustente em categorias ocidentais" e no "horizonte inter-religioso: Deus não se manifestou apenas através de Cristo, mas através de outros mediadores e fundadores religiosos".

Na resposta que enviou à Conferência Episcopal Espanhola (CEE), contestando a condenação a que o Vaticano o sujeitou, Tamayo diz que as suas teses sobre Jesus e a ressurreição não foram compreendidas. E que não põe em causa o essencial da fé católica nesses aspectos.

"O que faço é um trabalho interpretativo. A teologia, sem interpretação, converte-se numa simples recitação do Credo ou, pior ainda, num acto fundamentalista. Sem interpretação não há teologia. Não posso limitar-me a repetir mimeticamente o que dizem os textos".

O teólogo está consciente de que há uma distância histórica e cultural entre o tempo em que se escreveram os textos e o tempo em que se lê. Para estabelecer uma ponte entre o contexto em que se escreve e o contexto em que se lê, é necessário recorrer à hermenêutica, à interpretação. Se se repetissem os dogmas do passado [tal como] foram elaborados, [eles] não teriam nenhuma capacidade mobilizadora nem levariam ao seguimento de Jesus ou à aceitação da fé."

A gramática do teólogo, acrescenta, "é a interpretação". "Não há negação de nenhuma verdade fundamental do tronco da fé, mas interpretação dessas verdades de acordo com as novas experiências e os novos contextos."

Aliás, a nota da CEE colocava também em questão o papel da Associação de Teólogos João XXIII, da qual Tamayo é secretário-geral. O téologo afirma, a propósito: "A nota diz que, ao não estar dentro das normas do Direito Canónico, a associação não é da Igreja Católica. Nunca tinha ouvido um reducionismo tão brutal. A canonicidade é que tem que se adequar à eclesialidade. O eclesial é muito mais amplo que o canónico. Nós, de qualquer forma, sentimo-nos em comunhão com os bispos que nos criticam e com os mais de 30 mil congressistas que participaram nos nossos 23 congressos. E isso é um sinal de que estamos no bom caminho."

Fonte Público

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