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O Que São Os Cardeais
2003-11-02 13:41:03

Apesar de haver referências anteriores ao título, é no século XI que os cardeais passam a ter uma função mais próxima do que são hoje. Em 1050, para contrariar as disputas entre várias famílias de Roma que queriam dominar o papado, o Papa Leão IX (1049-54) chama vários homens que considera capazes de o ajudar a reformar a Igreja.

Nove anos depois, Nicolau II decide que o Papa passa a ser eleito apenas pelos cardeais, abandonando de vez a tradição de ser o clero e os fiéis a escolherem o seu bispo. Um século depois, institui-se o Sacro Colégio, designação abandonada pelo Direito Canónico em 1983.

Hoje, os cardeais - em tempos designados como "príncipes da Igreja", pois tinham dignidade equivalente à de príncipe - "constituem um colégio peculiar, ao qual compete providenciar à eleição do Romano Pontífice", como refere o Código de Direito Canónico (cânone 349). Cabe-lhes também auxiliar o Papa "quer agindo colegialmente" para tratar de "assuntos de maior importância", quer individualmente.

Em 1334 havia 20 cardeais, longe dos 70 instituídos em 1586 pelo Papa Sisto V. Esse número manteve-se por quatro séculos até João XXIII (1958-1963). Paulo VI fixou em 120 o número de cardeais eleitores do Papa e estabeleceu como limite para a possibilidade de votar os 80 anos, disposições que foram confirmadas por João Paulo II.

Este último realizou nove consistórios, durante os quais criou 231 cardeais. Outros seis consistórios extraordinários (1979, 1982, 1985, 1991, 1994 e 2001) serviram ao Papa para consultar os cardeais sobre a reorganização da Cúria Romana, as finanças da Santa Sé, o escândalo do banco Ambrosiano que atingiu o Instituto de Obras da Religião, o "banco do Vaticano", as "ameaças à vida" e o desafio das seitas, a preparação do jubileu do ano 2000 e as perspectivas para o novo milénio.

Os eleitores por continente
Os cardeais eleitores estão assim repartidos geograficamente (entre parêntesis, indica-se o número total de cardeais, incluindo os que têm mais de 80 anos e não podem, por isso, votar no conclave):

Europa - 65 (101)

América Latina - 24 (33)

América do Norte - 14 (19)

África - 13 (18)

Ásia - 13 (18)

Oceânia - 5 (6)

Total: 134 eleitores (em 195 cardeais).

No sábado, dia 25 de Outubro, o cardeal Achille Silvestrini completou 80 anos, passou para o grupo dos não-integrantes do conclave.

Até ao fim do ano, atingem também essa idade: Pio Taofinu (Samoa), nomeado pelo Papa Paulo VI em 1973, Bede Edward Clancy (Austrália) e Paul Shan Kuo-hsi (Taiwan). No final de Março de 2004, se entretanto não tiver havido conclave, mais seis atingirão os 80 anos, passando a ser 125 os cardeais eleitores do novo Papa.

Nacionalidades e origens
São 60 nacionalidades as que estão representadas entre os 134 cardeais que integram o conclave (havendo mais nove nacionalidades no total dos 195 membros do Colégio Cardinalício).

Em 1903 havia cardeais de 12 países diferentes. Em 1963 eram 31 as nacionalidades representadas no grupo.

As nacionalidades mais importantes entre os eleitores são: italianos (23), norte-americanos (11), alemães, brasileiros e espanhóis (6), franceses e polacos (5), mexicanos e indianos (4); em 1978, os italianos representavam 23 por cento dos eleitores; hoje são 17 por cento.

Os cardeais que trabalham na Cúria Romana e podem votar num novo Papa são 34, um quarto do total (em 2001, eram 30 por cento); mas vários passarão os 80 anos nos próximos meses, perdendo a capacidade eleitoral.

São 35 os cardeais originários de ordens e congregações religiosas: jesuítas (10), franciscanos e salesianos (6 cada) são os mais representados.

Com o consistório de Outubro último, passaram a dois os cardeais ligados à Opus Dei: depois do arcebispo de Lima (Peru), Juan Luís Cipriani, foi também nomeado o espanhol Julián Herranz Casado, nascido em 1930, presidente do Conselho Pontifício para a Interpretação dos Textos Legislativos. Considerado um dos melhores especialistas da Igreja em Direito Canónico, Casado gosta de fazer montanhismo e já conquistou vários cumes americanos.

A internacionalização do Colégio Cardinalício acentuou-se entre 1963 e 1978 e estabilizou desde 1988: falando só de cardeais com menos de 80 anos, os não-europeus são agora 52 por cento (eram 33 por cento em 1963, 52 em 1978), os europeus não-italianos são 31 por cento (33 por cento em 1963, 24 em 1978) e os italianos são 17 por cento (34 por cento em 1963, 24 por cento em 1978).

As idades
Franz König, 96 anos, antigo arcebispo de Viena, é o mais antigo membro do Colégio Cardinalício: único sobrevivente dos cardeais nomeados pelo Papa João XXIII, em 1958, foi ele o "responsável" pela eleição de João Paulo II, em 1978, ao avançar a proposta do nome do cardeal Karol Wojtyla no conclave.

O mais idoso cardeal é o antigo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos (cargo hoje ocupado pelo português José Saraiva Martins): o italiano Corrado Bafile tem 100 anos e foi nomeado pelo Papa Paulo VI, em 1976.

O mais jovem membro do colégio, desde a criação de 30 novos cardeais em Outubro, é o arcebispo de Budapeste, Peter Erdö, 51 anos. Erdö decidiu, no último Verão, juntar a sua diocese às de Lisboa, Viena, Paris e Bruxelas, na realização do Congresso Internacional da Nova Evangelização.

Fonte Público

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