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Entrevista com o Director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil – responsável pela presença da Cruz das JMJ em Portugal
2003-10-08 21:37:16

A propósito da vinda da Cruz das Jornadas Mundiais e Ícone Mariano a Portugal, em Peregrinação Europeia de preparação da XX JMJ, em Colónia – Alemanha, em 2005, entrevistámos o Dr Manuel Oliveira de Sousa, Director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil – o órgão da Conferência Episcopal Portuguesa (integrado na Comissão Episcopal do Apostolado dos Leigos), para nos explicar o que envolve esta acção inédita em Portugal.

Oliveira de Sousa, é um leigo de Aveiro, formado em Teologia e História Cultural e Política, e, para além do exercício das suas funções profissionais (professor) desde 1991 é director do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil de Aveiro. Em 2000, foi chamado pela Conferência Episcopal Portuguesa para coordenar também a Pastoral Juvenil nacional no âmbito do DNPJ.

AG (António Gonçalves)– A cruz da JMJ normalmente é entregue pelo Santo Padre ao país organizador das JMJ para aí incentivar e sensibilizar os jovens e as comunidades para esse grande evento evangelizador da juventude preconizado pelo Papa João Paulo II. Como acontece a vinda a Portugal?
OS (Oliveira de Sousa) – Tudo decorre realmente assim. Os jovens da JMJ anterior vem trazer a Roma, no Domingo de Ramos seguinte, a cruz da JMJ, que normalmente fica no Instituto de S. Lourenço (Vaticano) numa casa toda ela vocacionada para a evangelização dos jovens, sobretudo a evangelização interior, o dinamismo espiritual, o encontro com Cristo na oração. No entanto, como a próxima JMJ, a XX, é em Colónia e medeiam dois anos entre o último Domingo de Ramos (e Dia Mundial da Juventude) e Colónia 2005, a Diocese de Colónia propôs aos países da Europa, que quisessem fazer a mesma experiência de peregrinação, em comunhão com o Santo Padre e com os jovens do mundo inteiro, recebê-la durante cerca de 15 dias. A Conferência Episcopal Portuguesa viu longe o alcance desta proposta e anuiu desde a primeira hora e, estudado o melhor enquadramento, surgiu a esta data.

AG – Quais os objectivos da presença da Cruz em Portugal?
OS – Este símbolo do caminho da Igreja com os jovens, do próprio Jesus Cristo no meio de nós, a partir de 13 de Abril de 2003 ficou mais completo, sobretudo na satisfação de várias sensibilidades e na riqueza espiritual, com a introdução do Ícone Mariano na peregrinação. Teologicamente não seria necessário, como chegou a ser referido: Cristo fala-nos de Maria e no Mistério Cristológico está Maria. No entanto, o Santo Padre quis tornar efectivo e mais visível este Mistério e, em pleno ano do Rosário, consagrou também simbolicamente, os jovens à protecção de Nossa Senhora.
Em Portugal, queremos, ao nível dos objectivos, em termos globais continuar atentos aos jovens e ao seu lugar e formação na Igreja. A nível mais concreto: sensibilizar toda a Igreja Portuguesa para a Peregrinação que é toda a vida e a vida da Igreja através das JMJ; perscrutar a voz dos nossos bispos, dos nossos pastores, na voz do Santo Padre aos jovens; proporcionar o encontro profundo, em oração, com Jesus Cristo e Maria; oferecer aos jovens e às nossas comunidades o contacto e a experiência com tantos momentos de conversão à volta da mesma Cruz; acolher os jovens do mundo inteiro em nossa casa.

AG – As dioceses não estão todas envolvidas. Porquê?
OS – Por duas razões muito simples. Primeiro não era possível em treze dias chegar a todas, às vinte e uma; segundo, fomos pelas que, em reunião de responsáveis diocesanos, estavam preparadas para assumir de imediato esta responsabilidade.

AG – Apesar de todo este dinamismo, será que os jovens não se estão a afastar da Igreja?
OS – Não sou dessa opinião. Os jovens não se afastam de quem amam. Continua a haver uma mole imensa de jovens que encontra na Igreja o seu espaço de formação, de convívio, de realização, etc. e não existem por acaso. Os jovens já não encontram Jesus Cristo desde o berço! Isto é, surgem problemas novos, propostas diferentes, situações culturais, profissionais, espirituais diversas. E para este tempo são necessárias respostas deste tempo. As mutações são actualmente enormes? Assim são também os jovens. Está tudo feito? Não. A Igreja é um povo que caminha, é a Peregrinação das Peregrinações, com as suas dificuldades e com as suas capacidades.
Sinto, revisitando um pouco de Ortega Y Gasset, que a cultura juvenil é o espelho da cultura social da época em que se vive. Ora, respondendo à sua questão, a recente carta pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa (“Responsabilidade solidária pelo bem comum”), pela unanimidade das críticas – se tal argumento for necessário - dá-nos com fidelidade o retrato da cultura reinante, ou seja, ali estão os nossos jovens também!

AG – E uma Jornada Mundial da Juventude em Portugal, é possível?
OS – É necessário pensar longe, ver para além do que normalmente não se alcança, também em Igreja! Neste momento, pelo dinamismo existente em Portugal seria possível e bastante útil. Uma JMJ revoluciona as comunidades e todas as estratégias evangelizadoras (não só dos jovens). Mas a organização de uma JMJ é complexa, vamos caminhando…e a seu tempo, quem sabe?

Entrevista conduzida por António Gonçalves (Jornal “Correio do Vouga”)


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