paroquias.org
 

Notícias






Taizé: Uma semana de vida em comunidade
2003-07-22 22:07:04

A comunidade ecuménica de Taizé foi fundada numa pequena aldeia da Borgonha , que lhe deu o nome, nos anos 40 por um jovem protestante suíço chamado Roger Schutz. Hoje, passados 60 anos é constituída por cerca de 100 irmãos de mais de 50 nacionalidades diferentes e originários de várias igrejas reformadas e da igreja católica.

Experiência única de partilha e comunhão, a comunidade cedo descobriu no acolhimento a sua vocação e hoje, ao longo do ano, semana após semana mas com predominância nos meses de Verão e na Páscoa, são milhares os jovens de toda a Europa que chegam à pequena aldeia. O que leva, neste início de milénio em que o religioso é algo tão distante da maioria da juventude, tantos jovens a Taizé? Segundo eles próprios dizem, a procura. E o que encontram em Taizé? Outros jovens, muitos deles diferentes, na língua, na cultura, na forma de viver a fé. Também se encontram a si próprios, aprendendo a descobrir, no mais íntimo, a presença de um Jesus Cristo, que muitos pressentiam mas não entendiam.
Tenho 40 anos, sou casado e tenho 4 filhos pequenos. Conheço Taizé desde os anos 80. Cheguei à colina pela primeira vez um pouco por acaso, sozinho, de mochila às costas. Uma estadia que era para ser de uma noite prolongou-se por quase duas semanas.
A partir daí a passagem por Taizé foi uma constante das minhas férias de Verão. Integrado em autocarros organizados um pouco por todo o país, organizando os meus próprios grupos... Depois de casado, de avião e, mais recentemente, de carro, com os miúdos, participando nos encontros para famílias que a comunidade anima também no Verão.
Passar uma semana em Taizé supõe participar num programa que a comunidade anima semana após semana. O programa base para jovens (17 a 29 anos) e adultos (>30) é a reflexão em grupo, a partir da introdução Bíblica diária feita por um dos irmãos. Pequenos grupos em que se pretende misturar as nacionalidades sem pôr em causa a comunicação reflectem, ao longo da semana, os temas propostos com base na carta que o Ir. Roger escreve no início de cada ano. O dia é marcado pelas 3 orações diárias na Igreja da Reconciliação, suportadas na Palavra, no silêncio e nos cânticos meditativos. Esta igreja, sempre aberta, é um dos espaços marcantes de Taizé. Ali é possível encontrar, a qualquer hora, mesmo de madrugada, jovens em oração, cantando ou em silêncio.
O silêncio marca também Taizé. Largos espaços de contacto com a natureza permitem encontrar, mesmo se são seis mil os jovens presentes, tempos de silêncio e recolhimento. O silêncio completo e permanente é, aliás, uma das outras possibilidades de passar a semana.
Desde há alguns anos que a comunidade organiza, nas semanas do Verão, encontros para famílias com crianças. Nestes há actividades de animação para os pequenos, permitindo aos pais participar nos encontros de grupos ou experimentar o silêncio.
Outro aspecto de Taizé é o contributo de todos para que tudo funcione. Todos têm uma pequena tarefa a desempenhar e os jovens que quiserem podem mesmo integrar as equipas de trabalho, colaborando metade do dia nas tarefas que permitem o funcionamento dos encontros: Cozinhas, acolhimento, limpeza, preparação dos espaços, animação das crianças, etc.
Em Taizé as condições de alojamento em tendas ou camaratas são muito simples para os jovens, um pouco mais confortáveis para famílias e adultos, em quartos. As refeições são tomadas em comum.
Em Taizé todos são acolhidos e todos são respeitados. Mais importante que tentar convencer os outros da nossa verdade, aprende-se a acolher a opinião de cada um. Talvez esse seja o segredo do ambiente fantástico que se vive na pequena colina da Borgonha. Um Primavera da Igreja, segundo João XXIII ou uma fonte para beber água e prosseguir caminho, como diz João Paulo II. Sem dúvida uma opção que se recomenda em complemento das semanas de praia ou como ponto de arranque ou de final de uma viagem pela Europa.
Estranhamente, quem passa por Taizé descobre que pode gostar de oração, descobre uma forma de oração poderosa que muitas vezes transporta para o seu dia a dia, ou vai incorporar na vida da comunidade em que participa. Porque Taizé não é um movimento, nem uma organização. Pede aos que acolhe que descubram a melhor forma de integrar o que ali viveu na sua comunidade. É esse o grande desafio de Taizé: Ser fermento de confiança e reconciliação na nossa comunidade.

Informações Práticas
A Comunidade de Taizé vive do seu trabalho e não aceita qualquer donativo. A participação nas despesas dos encontros visa fazer face exclusivamente aos custos de alimentação e alojamento e é calculada em função do nível de vida de cada País. Para os jovens portugueses a comunidade sugere uma contribuição de 4 a 5,5€ por dia, cerca do dobro para os adultos.
Taizé fica no departamento de Saône-et-Loire, Borgonha, França, 100 km a norte de Lyon. Na auto-estrada Lyon/Paris sair em Macôn e seguir para Cluny. Taizé fica a 12 km.
No Verão há várias viagens organizadas para Taizé, por paróquias e grupos de jovens. Em regra aceitam outros participantes. Há também uma carreira regular de autocarros com partida, todos os sábados, da gare do Oriente. O custo da viagem varia entre 125 a 150 euros.
Para quem perferir ir individualmente, de Portugal a Taizé são cerca de 16-18 horas de condução. Sugere-se o itinerário Hendaye/ Bordéus/ Angoulême /Bellac /Moulins/ Paray-le-Monial/ Cluny por ser o menos sujeito a engarrafamentos nos fins de semana de Agosto. Contudo o trajecto por auto-estrada Madrid/ Barcelona/ Monpellier/ Orange/ Valence/ Lyon/ Macôn é rápido em períodos mais calmos ou no sentido do regresso.
Há ligações aéreas para Lyon e carreiras de autocarros. Neste caso aconselha-se sempre Lyon como destino preferencial, apanhando ali as ligações para Taizé ou Cluny. De comboio sair em Macôn e apanhar o autocarro para Taizé.

António José Monteiro

Fonte Ecclesia

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia