paroquias.org
 

Notícias






Convidaria Siza Vieira a Construir Uma Igreja
2003-06-26 12:58:06

D. José Policarpo já visitou a igreja de Siza Vieira no Marco de Canavezes. É "Uma epifania de luz" no interior, mas o exterior foi sacrificado e parece "uma anta".

P. - A Igreja acolheu muitas vezes o teatro, a pintura, a arquitectura, as artes. Mas hoje, parece que o catolicismo convive mal com as manifestações artísticas. A Igreja perdeu definitivamente os artistas?
R. - Não creio. Aqui na diocese [de Lisboa] estamos num diálogo crescente e positivo com esse mundo. O que aconteceu muitas vezes é que a necessidade de prover os novos bairros de espaços sagrados teve um ritmo que não se compaginou com a lentidão, a exigência, até o preço, de uma obra de qualidade.

P. - As outras dioceses e bispos não deveriam partilhar dos encontros que o senhor tem impulsionado?
R. - Há neste momento, no plano nacional, sensibilidade ao património [que] volta a criar nas comunidades o sentido da beleza. Quarenta anos depois do Movimento de Renovação da Arte Religiosa [MRAR], que inspirou as coisas de maior qualidade que se fizeram neste país, era importante, com as novas gerações de pintores, arquitectos, escultores, fazermos uma caminhada de formação. Reconheço que isso não está a ser feito. No MRAR estiveram homens como Nuno Teotónio Pereira, Formosinho Sanches, Diogo Pimentel, que foram os autores das melhores igrejas que temos.

P. - Já visitou a igreja do Marco de Canavezes, de Siza Vieira?
R. - Já.

P. - E gostou?
R. - Gostei, gostei muito do interior...

P. - Mas hesitou na sua resposta.
R. - Hesitei, porque não gosto do exterior. É o caso típico de arquitectura religiosa em que o exterior é completamente sacrificado ao interior. Uma igreja é também um símbolo na cidade, pela sua estrutura, a harmonia física. Nunca falei com o arquitecto Siza Vieira sobre isso, mas há ali coisas maravilhosas: a maneira como ele trata a luz. A luz é um grande símbolo cristão, é uma epifania de luz aquela igreja. E nesse aspecto encheu-me as medidas.

P. - Chamava-o a construir uma igreja?
R. - Não tenho dúvidas nenhumas, se vier a propósito. Até que ponto houve, no exterior daquela igreja, a preocupação de fazer uma síntese inter-religiosa? Quando vi a igreja do exterior pareceu-me mais uma anta das antigas religiões locais do que um templo.

Fonte Público

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia