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«AS NOVAS ESPIRITUALIDADES»
2003-05-29 21:35:07

No segundo dia das XV Jornadas Teológicas sob o tema "Morte ao Cristão?!
Identidade Cristã na Sociedade Actual", foi conferencista Frei Bento Domingues que reflectiu sobre "as novas espiritualidades" no mundo hodierno.


Apresentado pelo Presidente da AEFTB, Ricardo Pereira, Frei Bento, que é bracarense, da Ordem dos Pregadores Dominicanos e um especialista no diálogo entre teologia e ciências humanas, começou por dizer que «seja uma reflexão na companhia de S. Tomás de Aquino, o santo que nos ensina a questionar».

Apresentando o documento pontifício sobre a Nova Era (Jesus Cristo portador da água viva), referiu que a década de 90 é a década do definitivo, mas felizmente a reflexão é provisória e aponta para os "mil rostos da nova
espiritualidade". Frei Bento satirizou reflectindo que "a treta do esoterismo ocupa quatro estantes de uma livraria, a da religião ocupa uma parte de uma
prateleira. As novas espiritualidades fundam-se no individualismo; superaram o paradigma da comunidade: cada pessoa exprime a sua religiosidade conforme lhe
dá na sua real gana; têm uma espiritualidade para cada problema, ou três e quatro ao mesmo tempo".
Sublinhando o chamado «retorno do religioso», disse que é uma problemática difícil "da qual se tem feito uma apologética apressada". O século XXI é abundante em religião, no sentido lato da expressão. No âmbito eclesial
português temos o caso de Fátima onde "cada um tem a Fátima que quer: é a religião do povo, cada qual tem os seus segredos com a senhora". Nos meios
juvenis, dá-se a emergência de rituais, mesmo alguns satánicos.

As ofertas de salvação e de cura são as técnicas de marketing de alguns Novos Movimentos Religiosos. Desta forma, a efervescência em torno do religioso é real. O fim anunciado da religião transformou-se, para admiração dos críticos do fim da mesma, em retorno do religioso. Aquilo que durante muito tempo hamámos secularização é antes uma metamorfose da religião pois ela sempre aí
esteve. A busca de sentido não se apaga facilmente, pois "quando houver busca de sentido é confissão de que há Deus". "A religião já não é o que é, já não volta onde esteve, mas se voltar melhor. O que há de novo é que as pretensões religiosas actuais são igualmente e todas sustentáveis e aceitáveis". Cada um vai no sentido que lhe apetece.

O caminho actual da espiritualidade leva a que já não se fale em espiritualidade (como das ordens religiosas no passado) mas sim na mistura da obscuridade e paixão. A espiritualidade é pessoal e experiêncial e desliga-se
da institucional ou hierárquica. A espiritualidade liga-se aos valores e à importância não dada somente aos bens materiais.
A religião à la carte baseia-se no individualismo e no narcisismo das pessoas.
A nova espiritualidade é um desafio a todos e principalmente à Igreja a quem não bastam os dogmas, os sacramentos, a moral, mas que tem de regressar a
Cristo que é o único portador da vida nova e do sentido humano.


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