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João Paulo II indiferente a quem lhe diz para abdicar
2003-05-18 10:44:04

João Paulo II celebra hoje 83 anos. O Papa que veio do Leste está também a caminho de festejar 25 anos de pontificado, o quarto mais longo da história, indiferente às vozes que o aconselham a abdicar devido ao cansaço e à doença. Tido como o restaurador do conservadorismo teológico e moral, o percurso de Karol Wojtila ficará marcado pelas aparentes contradições que a sua acção suscitou: os que o aplaudem por defender a justiça social e os direitos humanos, são os mesmos que o apupam por não tolerar qualquer divergência doutrinal ou disciplinar no seio da Igreja.

Ao saudar o povo no dia em que oficialmente se sentou na cadeira de São Pedro, a 22 de Outubro de 1978, João Paulo II mostrou claramente que iria dar novos ares à Igreja. Uma das grandes novidades foi precisamente o seu empenhamento na liberdade e tolerância religiosa e na unidade ecuménica das igrejas cristãs.

Menos de três anos depois escrevia a encíclica, Laborens Exercens exigindo auxílio e esperança para «os milhões de pessoas que vivem em condições de pobreza vergonhosa e indigna». Em defesa da justiça social, voltou a alertar para os perigos da «ideologia capitalista radical», nas encíclicas Sollicitudo Rei Socialis (1987) e na Centesimus Annus (1991).

Marcantes foram também os encontros que promoveu em Assis com os chefes das principais religiões mundiais (1986 e 2002), o jejum no último dia do Ramadão (2001) e o pedido de perdão pelos pecados cometidos pelos filhos da igreja à época da inquisição e das cruzadas (2000). Tudo isto num tempo em que viu cair o muro de Berlim e os Estados Unidos impunham ao mundo o seu modelo neoliberal. Quer perante a crise no Golfo, quer perante os ataques de 11 de Setembro às torres de Nova Iorque, o Papa apelou sempre ao diálogo, tornando-se uma referência ética e moral.

Mas, a par do seu fervoroso empenho pela justiça e pela paz, fez também seu o velho adágio latino Roma locuta, causa finita este (Quando Roma fala a questão fica encerrada), proibindo a discussão de assuntos controversos dentro da Igreja. Alguns teólogos ou foram excomungados ou foram obrigados ao silêncio.

Apesar destas aparentes incongruências, João Paulo II conquistou uma posição inatacável para a sua Igreja em áreas fundamentais como a justiça social. Quando se escrever a história do seu pontificado, é possível que estas realizações se sobreponham à sua inflexibilidade e conservadorismo teológico. Poderá ser lembrado pela sua decência humana levada ao máximo.

Fonte DN

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