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MÃE CAMINHA 250 KM COM BEBÉ DE 18 MESES
2003-05-12 20:25:15

A saúde do pequeno Manuel António é a razão que traz Maria de Fátima Postiga em peregrinação desde as Caxinas, em Vila do Conde, até ao Santuário da Cova da Iria. O bebé tem 18 meses, segue deitado num carrinho com peças de roupa penduradas que o protegem do Sol impiedoso, na berma da Estrada Nacional n.º1, à entrada de Pombal, quase no fim de um percurso de 250 quilómetros.

“Ele teve problemas quando nasceu, esteve internado e eu prometi a Nossa Senhora que se ficasse tudo bem vinha a pé. E cá estou”, explica a mãe, com a certeza de ter visto a fé reconhecida. Quando chegar a Fátima, vai entrar de joelhos no Santuário e acender velas pelos filhos – tem mais dois – e pelo marido, que é pescador e vive sujeito aos humores do mar. “Já vim seis vezes, mas este ano é especial”.

De Caxinas, caminham 19 pessoas há vários dias, mas a boa- -disposição e a crença retiram peso às pernas e descobrem forças onde menos se espera. Nem o Manuel António se queixa. “É uma criança muito bem disposta e encontrou este grupo espectacular. São todas mães dele”, diz Maria de Fátima, antes de voltar à estrada com o menino.

Mais atrás, na localidade de Venda Nova, junto ao cruzamento para Ansião, uma mancha de 240 peregrinos saídos de Amarante disputa a EN 1 com os automóveis e capta o olhar pelos coletes reflectores de cor verde, as garrafas de água na mão, as estacas de caminheiro, os terços e uma enorme cruz de madeira empunhada por uma mulher.

Um dos guias, também a pé, de sapatilhas, chapéu e roupa desportiva, é Belmiro Teixeira Silva, com 43 anos, que o ano passado fez todo o percurso em silêncio. “Custou-me muito, mais do que as dores nos pés, porque sou uma pessoa comunicativa e gosto de conversar. Prefiro vir o resto da vida a pé do que outro ano sem falar”, afirma.

Como guia, uma das funções deste vigilante da Prosegur é zelar pela segurança do grupo, sobretudo em vias movimentadas como a estrada nacional que liga Lisboa e Porto. “É perigoso, mas nos sítios mais apertados vamos um a um, como as formigas, e a maioria dos automobilistas tem cuidado, desvia- -se de nós e até acena a cumprimentar”.

Entre os 240 peregrinos de Amarante há vários exemplos de resistência, mas nenhum bate o de Maria Emília Moura, de 66 anos, pequena e vestida toda de negro, que caminha uns bons metros à frente como se tivesse pressa de chegar a Fátima, pela 19.ª vez. “Andar devagar faz doer as pernas. Mas eu não corro”, desculpa-se.

A propósito do 13 de Maio são esperados 20 mil peregrinos a pé no Santuário dos Pastorinhos e entre eles está Deolinda Martins, de 30 anos, pelo primeiro ano nestas andanças e também a caminho da Cova da Iria para agradecer melhorias de saúde.

O seu grupo, de 25 elementos, enfrenta a penúltima etapa de um total de 325 quilómetros começados há sete dias em S. João da Pesqueira. Mas Deolinda Martins, que vai acender uma vela pelas duas filhas, não antecipa as emoções. “Estive muito mal em Junho com uma depressão nervosa. O que vou sentir, só quando lá chegar é que sei”.

Fonte CM

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