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O PORTUGUÊS QUE ALOJOU O PAPA
2003-05-11 20:24:08

Manuel Monteiro de Castro, 65 anos, natural de Braga, é desde 2000 o 'embaixador' do Vaticano na capital espanhola. Foi na sua residência que o Sumo Pontífice dormiu durante a visita a Madrid.

Manuel Monteiro de Castro viveu em quatro continentes: ordenado padre em 1961, entrou ao serviço diplomático na Santa Sé em 1967 e representou o Vaticano – na qualidade de núncio ou apenas de delegado apostólico (chamado ‘pró-núncio’) – em países tão diversos como o Panamá, a Guatemala, o Vietname, a Austrália, o México ou a Bélgica; Trinidad e Tobago, Granada ou Antígua e Barbuda; El Salvador ou as Honduras; a África do Sul, a Namíbia, a Suazilândia ou o Lesoto. Gostou de todos os sítios, onde diz ter encontrado a presença sensível de Deus.

Mas quem entra no seu gabinete, uma sala ampla na admirável sede da Nunciatura Apostólica da Santa Sé em Espanha, dá de caras antes de tudo com uma mesa repleta de fotos. Os rostos: a sua família, os seus amigos, os seus vizinhos de Santa Eufémia dos Prazins, a aldeia do distrito de Guimarães onde nasceu a 23 de Março de 1938. Para além do Pai, são eles que o acompanham em Madrid.

TRÊS PAPAS

Sacerdote diocesano de Braga, 765 anos, Monteiro de Castro trabalhou já com três Papas: João XXIII, Paulo VI e João Paulo II. As suas principais preocupações têm sido a procura de um entendimento autêntico do Mundo moderno, a luta contra os perigos do relativismo moral, a definição dos limites da actividade científica e a busca de um rosto humano para o fenómeno da globalização, que considera irreversível.

Segunda-feira passada, um dia depois da visita do Papa, porém, a sua manhã foi marcada por algo bem mais prosaico: sucessivos telefonemas recebidos de toda a parte de Espanha e do estrangeiro. "Excelência, bom-dia, muito gosto em saudá-lo", ia respondendo. Eram telefonemas de parabéns: o Papa viajara a Madrid sob a organização da Conferência Episcopal, mas ficara sediado na sede da Nunciatura, a residência oficial de Monteiro de Castro, na Calle Pio XII. E a visita era por todos considerada um sucesso.

UM VIAJANTE PORTUGUÊS

Arcebispo titular de Benavento desde 1985, doutorado em Direito Canónico, Monsenhor Monteiro de Castro é um viageiro em permanência, mas com coração português. Tem um profundo sotaque nortenho – que se lhe nota mesmo quando fala o castelhano, de resto com fluência – e escolheu para a sua tese de mestrado a vida de Santo António, um italiano que é também padroeiro da cidade de Lisboa.

O sacerdote deixou Portugal há mais de trinta anos, mas continua a regressar todos os anos, sempre durante um mês, para rever as raízes e tirar as fotos que vêm emoldurando cada um dos seus escritórios. E, de todas as condecorações que já recebeu nos mais diversos países do Mundo, tem um carinho especial por aquela que lhe foi entregue no ano passado, já em Madrid, na sede da embaixada de Portugal em Espanha: a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, imposta pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz. Portugal, diz, é o seu destino terreno final: "Quando me jubilar, aos 75 anos, volto para Santa Eufémia."

ESCUTEIRO E CAMINHEIRO

Escuteiro quando era criança, caminheiro de Emaús desde então, Monteiro de Castro teve sempre como sonho conhecer pessoas e viajar por países ao serviço da fé. Hoje, com quatro continentes no currículo – e missões esporádicas na Ásia e na América do Norte, o que lhe permite gabar-se de ter coberto o mundo todo enquanto sacerdote – fala, lê e escreve sem dificuldades em cinco línguas: português, italiano, espanhol, francês e inglês (também domina o alemão, mas só oralmente).

O seu enorme ecletismo rendeu-lhe, há dois anos e meio, a nomeação para o lugar de núncio em Madrid, o mais antigo lugar diplomático (e um dos mais importantes) da estrutura da Igreja Católica. A Nunciatura Apostólica de Madrid, inaugurada em 1521, foi a primeira de todas as 175 representações diplomáticas instituídas pela Santa Sé desde que, no início do século XV, a Europa criou a figura da embaixada.

"Já conhecia Espanha desde pequeno, pois Santa Eufémia fica a menos de cem quilómetros da Galiza, onde o meu pai me levava frequentemente. Depois, ainda voltei em diversas viagens apostólicas, ao longo dos anos", diz. “Ou seja: já amava este país há muito tempo. Mas agora amo-o muito mais ainda, de todo o meu coração...", acrescenta, feliz.

Fonte CM

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