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Ícone Russo Que Esteve Guardado em Fátima Pode Não Ser Original
2001-02-11 13:47:52

"O ícone da Mãe de Deus de Kazan, que, presentemente, se encontra no Vaticano, não é a obra original, mas uma das suas cópias." Esta afirmação sensacional foi feita por Natalia Tchugreeva, investigadora do Museu de Arte e Cultura Antiga Russa Andrei Rublov, durante uma conferência organizada, na passada semana, pela Igreja Ortodoxa Russa, em Moscovo.

A historiadora russa é de opinião que "a imagem que se encontra nos apartamentos pessoais do Papa João Paulo II é maior do que o original", sublinhando que chegou a essa conclusão "depois da análise de materiais enviados pelo Vaticano: uma fotografia a cores de alta qualidade, as medidas desse ícone e as informações obtidas através de investigações com raios X.

A imagem da Mãe de Deus de Kazan é uma das relíquias religiosas mais veneradas pelos cristãos ortodoxos russos. A ela são atribuídos numerosos milagres, bem como a protecção da Rússia em períodos particularmente controversos da história do país, como as invasões napoleónicas de 1812 ou o ataque de Hitler contra a União Soviética em 1941.

Em conformidade com uma lenda, o ícone teria aparecido milagrosamente, em 1759, debaixo das ruínas de uma casa devorada pelas chamas, na cidade de Kazan, actual capital da Tartária, república da Federação da Rússia. Em 1904, a imagem religiosa original foi roubada do templo do Mosteiro Ortodoxo Feminino de Kazan e, segundo a versão da polícia russa que investigou o roubo, teria sido destruída pelos larápios, depois de terem arrancado as pedras preciosas que a decoravam.

Porém, em 1950, em Inglaterra apareceu um ícone da Mãe de Deus de Kazan, que alguns pensaram tratar-se do original milagroso. Depois de passar pelos Estados Unidos da América, foi levado, pela mão da organização católica americana Exército Azul, para Fátima em 1972. Aí esteve na Capela Bizantina, construída para o efeito por detrás do Santuário. Em 1992, foi entregue pelo Exército Azul ao Papa João Paulo II, com vista à sua devolução à Igreja Ortodoxa Russa - um trajecto reconstituído pelo PÚBLICO no ano passado (edição de 9-04-2000).

Natalia Tchugreeva vem agora afirmar que o ícone russo de Fátima pode ser datado da primeira metade ou meados do século XVIII e, pelo seu estilo e técnica de pintura, pode estar ligado à tradição pictórica da região do Volga. A investigadora diz também dispor de dados que provam que o ícone pertenceu a Alexandra Melgunova, fundadora da comunidade religiosa da aldeia de Direevî, também situada nas margens do grande rio russo.

Em Outubro do ano passado, o muçulmano Mentimir Chaimiev, Presidente da Tartária, encontrou-se com o Papa João Paulo II, no Vaticano. O Papa prontificou-se a entregar o ícone a Kazan, cidade onde ele aparecera milagrosamente.

Todavia, a reacção da hierarquia do Patriarcado de Moscovo a essa proposta do Papa foi tão dura, que o Vaticano se viu obrigado a desvalorizar as palavras de João Paulo II. Os ortodoxos pretendem que o ícone entre na Rússia pelas mãos dos seus líderes religiosos e o ambiente frio que subsiste nas relações entre o Vaticano e o Patriarcado Ortodoxos de Moscovo não é favorável a que o desejo do Papa se concretize.

Fonte Público

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