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MUNDO PRECISA DE BONS PADRES
2003-04-07 13:13:50

Se fosse só rezar, a função de padre seria bem mais fácil. Mas um pároco, além das opções de vida decorrentes do sacerdócio, tem de assumir uma postura permanente de disponibilidade e dedicação ao serviço de toda uma comunidade, carregada de todas as qualidades e vicissitudes que caracterizam cada pessoa.

"O melhor do meu trabalho é o contacto humano e a sensação de poder ser útil a todas as pessoas, sobretudo as mais fragilizadas, apresentando a mensagem e o exemplo de vida de Cristo", refere o padre António Machado, actualmente na paróquia de Vale S. Martinho, em Famalicão.

Reconhecendo que nem sempre os sacerdotes são vistos de forma positiva – o que atribui à generalização de falhas que existem em todos os sectores onde a condição humana é um factor importante –, o padre Machado sublinha a evolução social da Igreja Católica ao longo dos últimos anos. Diz mesmo que "é um regresso às origens", importante para a recuperação de um papel social de relevo da Igreja, depois da perca de peso institucional.

"É uma coisa bonita podermos estar envolvidos e presentes nas vidas das pessoas de uma forma discreta, em que muitas vez desempenhamos um papel importante para a felicidade das pessoas só por ouvir, sem fazer qualquer intervenção e porque somos padres", afirma o sacerdote, destacando que "isto não acontece só com crentes ou praticantes".

Em seu entender, "a antiga história de protagonismo dos padres como autoridade numa aldeia está a desaparecer", pondo-7-se fim ao chamado clericalismo e apresentando-se "mais como um amigo e um entre iguais, ainda que seja sempre bem recebido e acarinhado pelos populares".

Sustenta, assim que a função do padre é cada vez menos de só rezar, se bem que esse seja "um óptimo meio para as pessoas superarem dificuldades da vida". Por isso, não tem dúvidas em assegurar que "o Mundo precisa de mais padres e bons padres". Contrapõe mesmo que, "se não houvesse padres nem Igreja, o mundo estaria mais pobre".

Para a sua missão paroquial, o padre Machado reserva a maior parte do seu tempo diário para os contactos com as pessoas. Em vez da celebração eucarística matinal, prefere reservar a manhã para resolver assuntos do cartório paroquial, preparação de reuniões e trabalho pastoral, mantendo sempre a porta aberta aos paroquianos.

À tarde, prossegue a disponibilidade para atender as pessoas, incluindo períodos para confissões e realização da folha paroquial, com avisos e propostas de leitura formativa. Todas as sextas-feiras visita os doentes da freguesia. Normalmente, a missa tem lugar às 19h00. O programa pode alterar-se, sobretudo quando há funerais ou reuniões clericais. A jornada termina com as reuniões de trabalho com diferentes grupos ou colectividades, desde catequistas e noivos, a escuteiros, conselho económico e outros órgãos pastorais.

"Custa às pessoas vir às reuniões, porque trabalham e têm família. Mas eu tenho de ir a todas, enquanto os paroquianos mudam conforme o grupo", refere o padre, sublinhando a exigência de disponibilidade e dedicação que se coloca a um pároco.

Por isso, gosta de "encarar pela positiva" a questão do celibato dos padres, considerando ser "uma necessidade", que também "faz parte da disciplina eclesiástica" e que "os jovens conhecem quando abraçam o sacerdócio".

"As pessoas que se convençam que, se um dia as coisas mudarem, os padres não vão a correr casar-se. Hoje, há cada vez mais homens e mulheres que não casam por causa da progressão profissional", sustenta o sacerdote, que também não tem fins-de-semana – quando, aliás, o serviço até aumenta.

NO SEMINÁRIO AOS 21 ANOS

Com 44 anos, o padre António Machado dedica-se à paróquia de Vermoim S. Martinho, para onde se mudou de malas e bagagens há menos de dois anos. Antes havia estado no concelho de Vila Verde durante 14 anos, onde assumiu as paróquias de Sabariz, Lanhas, Geme e Esqueiros. Natural de Santo Tirso e originário de uma família com dificuldades económicas, fez o 11.º ano como trabalhador-estudante, tendo sido operário têxtil. Só aos 21 anos entrou no seminário. Foi ordenado sacerdote em 1986. O exemplo do seu próprio pároco foi determinante para a sua vocação religiosa: "era uma pessoa simples, desprendido dos bens materiais, falava muito com as pessoas, para explicar o Evangelho e o exemplo da vida de Cristo".

Fonte CM

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