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Uma nova Europa implica uma nova Caritas
2003-03-17 13:18:56

Denis Viénot, presidente da Caritas Europa, fala à Agência ECCLESIA dos desafios que o presente momento histórico da Europa levanta à organização, sobretudo no que respeita ao trabalho nos países do Leste Europeu

Agência ECCLESIA – As posições recentes da Cáritas Europa em relação à política da UE sobre a migração manifestam alguma preocupação. Há fundamentos para esse receio?
Denis Viénot – O que eu gostaria de dizer é que estamos a trabalhar sobretudo na criação de um patamar mínimo no que diz respeito à recepção e integração dos refugiados e migrantes na Europa, que será discutido em Julho, na cidade de Madrid.
A justificação para estarmos muito activos é simples: a UE está a tentar reorganizar as políticas de migração e este é o tempo certo para reagir.


AE – Qual é o papel da Cáritas nesta Europa que muda e se configura numa realidade completamente nova?
DV – O nosso papel passa por alguns pontos muito precisos, no quais não paramos de trabalhar, mormente no que se refere às consequências sociais do alargamento, desde a agricultura aos problemas do desemprego. No trabalho na Europa central e de Leste temos agora uma margem de manobra maior, mas os desafios que se colocam são também maiores.
Aquilo que gostaria mesmo de destacar é o facto de trabalharmos em rede, o que possibilita aos nosso membros um espaço maior para a troca de ideias, experiências, propostas de solução: a Caritas é o espaço onde se concretizam essas ideias e intuições, numa cooperação que transcende fronteiras e mesmo as confissões religiosas.
Quando o Muro de Berlim caiu, em 1989, havia 20 países onde a Cáritas estava presente, agora há 44 países, pelo que trabalhar em conjunto sobre os temas da política social ou da migração com os novos países da Europa de Leste, sobretudo, levanta desafios em torno da cooperação internacional.

AE – Quais são as maiores dificuldades que este novo momento histórico trouxe consigo às pessoas para quem a Cáritas trabalha?
DV – É muito interessante pensar na realidade da Europa desde esse ponto de vista: antes da queda do mundo de Berlim havia uma “pequena segurança” acerca de tudo nos países do Leste Europeu, embora não houvesse a mínima liberdade. Hoje em dia, ao viajar nesses países, é fácil constatar uma extrema pobreza, mais visível nos idosos, e esse problema atinge proporções assustadoras em muitos sítios.
Uma grande parte da população sofre imenso com a falta de protecção social e isso leva-nos a desenvolver projectos de apoio a essas pessoas, que incluem a assistência a vários níveis.

AE – Que perspectiva para o futuro da Europa em consequência do alargamento da UE?
DV – Penso que, em si mesmo, o alargamento não provocará um grande fluxo migratório, até porque a maioria da população quer ficar onde está. A imigração é uma solução de recurso, perante a falta de condições de vida no país natal das pessoas.
Um grande problema que se coloca é a coordenação para os refugiados e as pessoas que pedem asilo político, das quais muito poucas são europeias - e o futuro conflito no Iraque irá piorar a situação. Toda a rede da Cáritas na Europa está atenta a estes fenómenos e trabalha com refugiados, estrangeiros, imigrantes ilegais nas áreas da educação, da saúde, na reunificação familiar, no combate à exploração de homens e mulheres por redes de tráfico de pessoas.

Octávio Carmo


Fonte Ecclesia

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