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IGREJA FALHA APELO À PAZ
2003-03-03 22:20:29

As críticas de Freitas do Amaral ao alegado silêncio da Conferência Episcopal sobre a guerra em preparação contra o Iraque surpreenderam a hierarquia da Igreja Católica, convencida que estava da clareza da sua posição sobe a matéria. D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas, declarou ao Correio da Manhã que isso só revela que a “Igreja não tem feito passar a sua mensagem”.

D. Januário recorda que ainda no dia 11 de Fevereiro a Conferência Episcopal emitiu um comunicado sobre o assunto, onde se congratulava com os esforços “persistentes do Papa, João Paulo II, a favor da paz” e afirmava que “a guerra nunca é uma fatalidade e é sempre uma derrota para a humanidade”.



“O professor Freitas do Amaral não é obrigado a conhecer o comunicado. Eu ouvi o discurso do professor e pensei que também não tinha lido praticamente nada nos meios de Comunicação Social e questionei-me: porque é que não se fala?”, declarou o bispo, tirando a ilação: “Eu acho que isto é mais uma vez uma lição para nós, Igreja, que não passa para a praça pública aquilo que nos compete. Se as nossas notícias não passam, é motivo para nos interrogarmos”.

O ex-secretário da Conferência Episcopal diz que foi das primeiras pessoas a pronunciar-se sobre o assunto, lembrando a sua alocução sobre a guerra, no dia 16 de Janeiro, no Hotel Roma, e os artigos na Internet.



Ao contrário do que parece afirmar Freitas do Amaral, a Igreja tem estado activa nesta matéria. Em verdade, o CM sabe que, no seguimento do comunicado da citada Conferência Episcopal, os padres foram aconselhados a manifestar nas homilias as posições da Igreja a favor da paz, seguindo, aliás, as instruções do Santo Padre.



Reagindo às críticas dos oradores do comício da Aula Magna, nomeadamente Mário Soares e Freitas do Amaral, o ministro da Defesa, Paulo Portas, declarou, anteontem à noite, em Viseu, que os denominados ‘pacifistas’ “não têm nenhuma propriedade sobre o valor da paz”. “E não venham citar o Santo Padre aqueles que, há dois ou três anos, zombavam dele e das suas encíclicas”, declarou o ministro, rematando: “Já vi muito pacifista ao lado dos piores ditadores”.



NOTA DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL



Na sua reunião ordinária, o Conselho Permamente da Conferência Episcopal Portuguesa reflectiu sobre a situação preocupante da eventualidade de uma próxima guerra no Iraque.

Na complexidade de um problema que deve ser analisado sob diversas perspectivas, a Igreja reconhece a autonomia das instâncias a quem competem as decisões políticas e, por isso, o seu pronunciamento situa-se no campo dos princípios evangélicos que devem inspirar o caminhar histórico da humanidade.

Nesse sentido, o Conselho Permamente congratula-se com os esforços persistentes do Papa João Paulo II a favor da paz e identifica-se com os princípios que tem apontado para a sua construção: a paz como possível e obrigatória; a afirmação da dignidade e o respeito pelas populações, sobretudo as mais pobres e inocentes; a procura do diálogo, o respeito pelo direito internacional e a solidariedade entre os Estados como meio para regular os diferendos entre as nações.

O imperativo da paz leva-nos a afirmar, como o Santo Padre, que “a guerra nunca é uma fatalidade e é sempre uma derrota para a humanidade”. Neste Ano do Rosário, pedimos a Deus, por intercessão de Nossa Senhora de Fátima, que abençoe o mundo e lhe conceda também agora o dom da Paz na presente circunstância da vida internacional.



Fátima, 11 de Fevereiro de 2003



ATAQUE A EANES, GUTERRES E CAVAZO



A Aula Magna foi pequena para tantos “pesos pesados” da política, sobretudo da esquerda, com o PS unido ao BE e ao PCP num comício contra a guerra no Iraque, realizado sábado à noite. A paz não se compadece com o silêncio de “vozes” como as da Conferência Episcopal da Igreja, de Ramalho Eanes, António Guterres ou Cavaco Silva.



O ataque partiu de Freitas do Amaral, ex-candidato presidencial, um dos nove oradores de serviço no púlpito de todas as críticas a Barroso, Aznar, Blair e sobretudo Bush, comparável a um ditador.



Freitas do Amaral foi o único a assumir que aceitava uma ofensiva militar no quadro da ONU, ainda que “com apreensão”. Mas, nem por isso a plateia deixou de o aplaudir de pé. Foi, aliás, o mais ovacionado, igualando Mário Soares no registo de apoios. As críticas também atingiram a Internacional Socialista e a Internacional Democrata-Cristã. O ex-chefe do Estado, Mário Soares, classificou o ataque de Bush ao Iraque como “terrorista”.



IS MARCA POSIÇÕES



O ex-primeiro-ministro e presidente da Internacional Socialista (IS), António Guterres, não se tem pronunciado publicamente sobre a crise do Iraque, mas tal não significa que tenha ficado indiferente à questão. Uma fonte autorizada da IS declarou ao CM que ele tem feito tudo para interferir no curso dos acontecimentos, “tomando posição em defesa da autoridade da ONU junto do seu secretário-geral, Kofi Annan, e contra uma agressão unilateral dos EUA”.



Neste âmbito, segundo a mesma fonte, Guterres tem já programados encontros para as próximas duas semanas para discutir esta matéria, deslocando-se nomeadamente aos EUA. Sobre as críticas concretas de Freitas do Amaral, a mesma fonte declarou que elas não são alheias “à lógica das presidenciais”.



ISENÇÃO DE VISTOS PARA EUA



As relações entre os EUA e Portugal não podiam estar melhor. O ‘amigo americano’, segundo uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), decidiu manter para Portugal o ‘Visa Waiver’, um sistema que dispensa de vistos a entrada de turistas no país. As autoridades americanas tinham, há mais de um ano, interrompido o ‘Visa Waiver’ para análise. Mas, na última sexta-feira, foi comunicado ao Governo português a reposição do sistema. Segundo a mesma fonte, tal só foi possível devido ao facto de o ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, ‘”ter feito ver à Administração Bush a importância da isenção de vistos para a relação entre os dois países”.

Fonte CM

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