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Sampaio e Bispos Católicos Querem Cimeira Entre UE e África
2003-03-01 09:16:48

O Presidente da República, Jorge Sampaio, insistiu ontem na urgência de realizar a segunda cimeira entre a União Europeia e a África. Durante o colóquio organizado pelos bispos católicos da UE e das conferências episcopais africanas, o PR referiu-se à primeira cimeira, realizada no Cairo, quando Portugal presidia à UE.

"Volvidos três anos sobre aquele encontro, Portugal mantém-se fiel aos propósitos que então nortearam a sua acção (...) Faço votos para que a futura cimeira possa, logo que possível - e o possível é o urgente - realizar-se", afirmou.

No mesmo sentido foi o bispo alemão Josef Homeyer, presidente da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (Comece), um dos parceiros na organização do colóquio - os outros são o Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM) e a Conferência Episcopal Portuguesa.

O encontro que decorre em Linda-a-Pastora (arredores de Lisboa) foi marcado para anteceder a segunda cimeira euro-africana, que deveria realizar-se em Lisboa, em Abril próximo. Só que o Reino Unido acabou por se opor à participação do actual Governo do Zimbabwe, presidido por Robert Mugabe, o que teve o efeito de adiar a cimeira "sine die".

Na sessão de abertura, os principais intervenientes coincidiram nas mais importantes ideias que quiseram deixar aos 55 bispos e outros participantes. A situação que África vive é dramática, mas ainda assim é possível ter esperança em relação ao futuro do continente. E a cooperação entre europeus e africanos deve ser baseada nas relações de parceria.

Edem Kodjo, antigo secretário-geral da Organização de Unidade Africana e antigo primeiro-ministro do Togo, citou Hegel: "A África não é uma parte histórica do mundo", para afirmar que, um século e meio depois desta afirmação, "África parece ainda ausente do mundo". Os erros do passado - humilhação, despotismo, corrupção, crise do Estado, ditaduras - devem dar lugar à esperança no futuro, tendo em conta as riquezas do continente (por exemplo, a descoberta do petróleo na fachada atlântica) e as prioridades estabelecidas no NEPAD (entre as quais, a educação, a saúde, a agricultura, o ambiente e a energia) e o "combate decisivo à pobreza".

Michel Camdessus, antigo director do Fundo Monetário Internacional, actual conselheiro do Presidente Jacques Chirac e responsável das Semanas Sociais Católicas, afirmou que "os problemas dos países pobres são problemas internos" dos países ricos e que "a pobreza em África é um problema doméstico para a Europa". Também os Estados Unidos, acrescentou, no documento sobre a nova doutrina estratégica, dizem que a duplicação do rendimento dos países mais pobres é "um elemento da política interna" do país.

"Fizemos juntos todos os disparates possíveis. Agora, estamos prontos para um caminho para mais eficaz", considerou. E referiu-se ao NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento de África, da sigla inglesa), adoptado em 2001, como "uma oportunidade histórica a aproveitar".Ao mesmo tempo, Camdessus congratulou-se pelo facto de os países africanos terem colocado, no topo das prioridades da acção para o desenvolvimento a paz e a resolução dos conflitos.

Também o bispo Monsengwo Pasinya, do SECAM, afirmou que a parceria é fundamental. "Se a economia mundial cresceu tanto sem a África, o que será ela com uma África dando a plena medida das suas potencialidades?", perguntou.

Fonte Público

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