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Documento inédito de Damião de Góis
2003-02-01 21:54:03

Damião de Góis traduziu "O livro de Eclesiastes", da Bíblia. A obra permaneceu desconhecida até que Thomas Earle, investigador inglês e professor de Estudos Portugueses na Universidade de Oxford, encontrou, na biblioteca do All Souls College, na Universidadede Oxford, a tradução do "príncipe do humanismo português", por obra do acaso.
"O livro de Eclesiastes" está naquela biblioteca pelo menos desde inícios do século XVIII e, além do valor histórico, trata-se da única tradução de um texto bíblico para Português, feita no século XVI. A obra, anotada por Earle, foi editada pela Fundação Gulbenkian, no ano passado.


JORNAL DE NOTÍCIAS - Que importância tem esta obra no conjunto de produções de Damião de Góis?
THOMAS EARLE - Uma importância muito grande. Trata-se de uma tradução da Bíblia e a única feita por um português, na época do Renascimento e do Humanismo. Mostra, em larga medida, a tolerância de Góis, porque ele utiliza, para a tradução do livro, a erudição judaica que diz admirar, numa época em que os judeus foram perseguidos por toda a Europa, nomeadamente em Portugal.
O documento achado é uma raridade. Como o descobriu?
Foi por acaso. A pedido de um colega, fui à biblioteca do colégio All Souls (Colégio dos Fiéis Defuntos), para ver se havia uma tradução do Damião de Góis do "De Senectute". Encontrei o livro, mas vi que, além do diálogo de Cícero, havia outra tradução do Damião de Góis do livro de Eclesiastes. A descoberta foi também uma raridade.
Consegue explicar o sucedido?
Continua a ser um mistério. Há, no entanto, uma hipótese: a Biblioteca de Codrington foi construída no século XVIII, por um homem que queria deixar nome como arquitecto e patrono de um grande edifício. Este senhor Codrington não estava muito interessado em livros e comprava muitos deles ao metro, para encher as prateleiras. É possível, embora não seja certo, que o livro de Góis tenha chegado dessa maneira. Admito que haja, no entanto, outras razões.
Na qualidade de catedrático de Oxford, como vê os estudos de Português?
Sou catedrático, é verdade, mas temos há muito pouco tempo o Centro de Língua Portuguesa, Instituto Camões, em Oxford, que se dedica, principalmente, ao estudo da História de Portugal. Esta criação, apesar de nova, foi um estrondo e tudo corre muito bem.

A que nível se desenvolve em Oxford o estudo da nossa língua?
Todos os níveis: da licenciatura à pós-graduação e também de investigação ao mais alto nível. Os estudos portugueses fazem grandes progressos em Oxford.

Fonte JN

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