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Economista Católico Quer Mulheres Cardeais
2003-02-01 21:47:48

Jacques Drèze, economista católico belga que ontem recebeu em Lisboa um doutoramento "honoris causa" pela Universidade Católica Portuguesa, criticou a falta de protagonismo que a Igreja reserva para as mulheres no seu interior. Confessando-se "herético, sobre este ponto", Drèze disse que a sua preocupação maior é a "participação das mulheres na gestão e na decisão, a todos os níveis no interior da Igreja". E perguntou: "Para quando a primeira mulher cardeal?"

Drèze falava durante uma conferência, anteontem à noite, que contou com a participação dos outros dois doutorandos: o polaco Bronislaw Geremek, antigo presidente da Organização de Segurança e Cooperação da Europa, e o alemão Hilmar Fenge, jurista e coordenador de vários programas da União Europeia.

Apesar de não se ver obcecado com a questão da ordenação das mulheres, Jacques Drèze não poupou a situação actual: "Se há um domínio onde a Igreja Católica Romana dá aos discípulos de Jesus a impressão lastimável de se afastar da prática do Mestre, é precisamente o que respeita ao lugar da mulher na vida da Igreja". E acrescentou: "Estou atento ao exemplo desastroso que dá a Igreja Católica a todos os povos do mundo em busca de desenvolvimento, em circunstâncias em que a emancipação da mulher é um factor essencial do desenvolvimento."

O economista fez jus também à sua especialidade e referiu-se ao que considera ser o "desafio por excelência da actualização da herança cristã da Europa", na linha do que o Papa João Paulo II tem solicitado: o "pôr em marcha uma solidariedade autêntica com os mais desfavorecidos". A manutenção de elevadas taxas de desemprego nos quinze países da UE "é um verdadeiro escândalo para as nossas economias avançadas".

A situação do Terceiro Mundo - com 46 países onde os habitantes vivem com um euro por dia, contra os 80 euros dos cidadãos da UE - também deveria levar os países ricos a comprometer-se com a erradicação da pobreza.

Referindo-se às estruturas europeias, Drèze defendeu que a solidariedade requer uma constituição europeia "que abra claramente o caminho da democracia directa", com mais poderes para o Parlamento Europeu e com a eleição do presidente da Comissão Europeia. Os novos membros da União deveriam ser apoiados com um "seguro de convergência", que assegurasse a transferência de recursos quando a convergência fosse mais lenta que o previsto, ou que revertesse para a UE se fosse mais rápida que as previsões.

A eventual adesão da Turquia tem duas faces: é uma "ocasião única de concretizar a liberdade religiosa em toda a Europa", tendo em conta a maioria muçulmana da população, mas tem o risco de integrar na UE um país "impregnado de tradição imperial e pouco inclinado a abandonar a soberania".

Fonte Público

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