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Protestante Critica «Arrefecimento» Ecuménico
2003-01-25 20:48:19

O ecumenismo em Portugal está numa fase de «arrefecimento», que se traduz no facto de, este ano, nem sequer se ter realizado qualquer iniciativa de âmbito nacional. A crítica é do pastor José Leite, responsável da Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal (IEPP) pelo diálogo com outras igrejas cristãs, a propósito do final da Semana Mundial pela Unidade dos Cristãos, que hoje termina.

José Leite, que trabalhou vários anos na Conferência das Igrejas Europeias, diz que o diálogo entre católicos, protestantes e ortodoxos continua a ser feito, em Portugal, entre «pessoas entusiastas, sem entrar no sistema». Para contrariar esta situação, o responsável da IEPP defende que poderia haver iniciativas como «troca de professores e responsáveis nas cadeiras sobre ecumenismo que se ensinam nos seminários», bem como a produção de "declarações conjuntas sobre questões sociais" ou estudos sobre questões como os novos movimentos religiosos.

O que se passa, no entanto, é que o diálogo ecuménico está «num impasse». Aliás, esta semana, em Portugal, as iniciativas limitaram-se a encontros localizados que juntaram católicos e protestantes. Ontem à noite na Cruz Quebrada (arredores de Lisboa, com a presença do patriarca de Lisboa) e no Porto (onde se fez um peditório para apoiar a comunidade ucraniana), durante a semana em outros lugares, como a Figueira da Foz, Coimbra ou Montemor-o-Velho. Hoje, é a vez de um encontro ecuménico jovem ter lugar na Igreja do Campo Grande, em Lisboa, entre as 17h00 e as 23h00.

O arrefecimento coincide, entretanto, com a declaração de João Paulo II, segundo a qual é «oportuno propor uma reflexão comum sobre o ministério do bispo de Roma», ou seja, o Papa. Esta afirmação, proferida quarta-feira na audiência geral no Vaticano, corresponde a uma ideia que o Papa já sugeriu várias vezes, desde que, em 1995, publicou uma encíclica sobre o tema, a «Ut Unum Sint» (expressão que significa «que todos sejam um»).

Apesar da boa vontade expressa na declaração, José Leite considera que ela não é suficiente. É que João Paulo II disse que esse debate se destinava a «encontrar uma forma de exercício do primado [do Papa] que, sem renunciar seja o que for ao essencial da sua missão, lhe permita abrir-se a uma situação nova».

«Ao falar do essencial, estamos a falar de quê?», pergunta o protestante português. «O Vaticano devia explicitar o que é essencial e o que é acessório.» No mesmo sentido, diz, já se pronunciaram igrejas protestantes do Canadá, que responderam ao apelo do Papa na encíclica de 1995. «Até que ponto é possível realizar um concílio ecuménico, de várias igrejas, durante este século?», pergunta ainda, para dar uma sugestão: «Poderia ser escolhido um presidente, não com o título de Papa ou outro conotado com qualquer igreja, que fosse um «primus inter pares» reconhecido por todos, com funções de representação.»

O problema, acrescenta o pastor da IEPP, é que o pontificado de João Paulo II acentuou aspectos que os protestantes também não apreciam, como a acentuação do lugar da Virgem Maria ou as limitações da pesquisa teológica. E a tensão que existe entre os ortodoxos e os católicos ou entre os ortodoxos e os protestantes também não ajuda a ultrapassar as dificuldades do movimento ecuménico, diz.

Fonte Público

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