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Freiras Criam Casa de Acolhimento para Mulheres Traficadas
2003-01-25 20:41:47

Um centro de acolhimento a mulheres vítimas de tráfico começará a funcionar no próximo mês de Fevereiro, em Lisboa, por iniciativa das Irmãs Adoradoras, uma congregação que há cerca de três anos começou a dar passos para apoiar as pessoas naquela situação.

A casa está pronta a funcionar há vários meses, diz ao PÚBLICO a irmã Júlia Bacelar, daquela congregação religiosa católica. Mas os problemas do financiamento - que, mesmo assim, não estão resolvidos - foram adiando a sua entrada em funcionamento. A Misericórdia de Lisboa, uma das entidades que ajuda, não pode contribuir para instituições que apoiam estrangeiras.

Mais do que o problema financeiro, Júlia Bacelar está preocupada com a "hipocrisia" que, em sua opinião, a lei permite. "A nossa luta continua centrada no debate legal." Em causa, está o facto de a lei portuguesa obrigar à expulsão das mulheres que, não estando legalizadas, são encontradas em locais de prostituição, por exemplo. Há pouco tempo, recorda Júlia Bacelar, foram encontradas 40 mulheres em Vila Real, das quais 10 estavam ilegais. As dez foram expulsas, "às outras 30 ninguém perguntou o que estavam ali a fazer nem se estavam interessadas em deixar aquela situação."

O mesmo não acontece em Espanha, compara Júlia Bacelar, onde as mulheres têm a possibilidade de estar três meses em tratamento e de ficar mais tempo, se apresentarem alguma denúncia. Em muitos casos, as mulheres que são expulsas caem de novo nas malhas das máfias, alerta a religiosa. Por isso, a mudança da lei é uma prioridade para as instituições que trabalham nesta área.

Em Portugal, o número de organizações - ligadas à Igreja Católica mas não só - dedicadas a este trabalho tem aumentado. Em Maio, as Irmãs do Bom Pastor, com acções nesta área em vários países da Europa, têm uma reunião de responsáveis europeias no Porto. Aí pode ficar decidido que também em Portugal esse passe a ser um campo de trabalho, a par das mulheres mal-tratadas ou das prostitutas, como já acontece, juntando-se, assim, às duas dezenas de freiras, das Irmãs Adoradoras e das Irmãs Oblatas, que já estão emepnhadas nesse campo.

O tráfico de mulheres foi debatido no último fim de semana, no 3º Encontro Nacional sobre Apoio a Imigrantes, organizado pela Caritas Portuguesa e pela Obra Católica Portuguesa de Migrações. E também a Caritas Europa decidiu, em Dezembro, constituir uma rede de acção contra o tráfico de mulheres, que começará a funcionar durante este ano.

Fonte Público

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