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Chamados a mudar o mundo
2003-01-09 21:13:01

Intenção do Santo Padre para o Apostolado da Oração, mês de Janeiro

Que as comunidades cristãs, com disponibilidade cada vez maior, aceitem o convite do Senhor a ser sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13-14).
1. O convite a ser sal da terra e luz do mundo está entre as palavras do Mestre que dificilmente gostamos de ouvir, porque não vai de encontro aos desejos humanos e menos ainda à comodidade instalada e de bem consigo mesma.


Sendo da ordem do «mandamento» – vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo – não deixa espaço para os «talvez», «depois», e menos ainda para o tão humano «assim, assim». O cristão é sal da terra e luz do mundo ou não é… cristão! Dito deste modo, até parece exagero, mas Jesus é assim mesmo: divinamente exagerado, sem nunca deixar as coisas pela metade. Nós, porém, dificilmente suportamos tais «exageros» e quase sempre acabamos a relativizar a palavra de Jesus: ser sal e luz, claro!, sempre que tal for compatível com o nosso bem estar, com o nosso bom nome, sempre que isso não nos faça parecer uns pobres coitados que vivem como já «ninguém» vive e ainda fazem coisas que já «ninguém» faz…

2. Ser sal e luz. Isto é, ser como o sal, que cumpre a sua função dissolvendo-se e deixando de ser visto, para, assim, dar sabor às coisas que comemos – sem exageros: nem demais, nem a menos; ser como a luz, sem a qual a vida seria impossível. Estar presente, não se esconder, vivendo com alegria os valores evangélicos, testemunhando modos alternativos de ser humano. Não se trata de procurar grandes ocasiões, momentos significativos, causas fora do comum. Ser sal e luz é uma exigência quotidiana, para cada cristão, naquelas coisas de todos os dias: o sorriso, a saudação amiga, o acolhimento, o empenho em fazer bem o que se faz, a disponibilidade para ir além da obrigação no serviço aos outros, o carinho com os mais frágeis… é nisto que cada cristão «treina» a sua condição de discípulo de Cristo, pois isto é a vida.

3. Este testemunho quotidiano parece pouco significativo. Pode até pensar-se que não é isso que vai transformar o mundo, pois o importante são as coisas extraordinárias, os grandes gestos que toda a gente vê e louva e servem de exemplo. Talvez. Mas, bem vistas as coisas, o sal e a luz são realidades de todos os dias, humildes, aparentemente pouco significativas… sem eles, porém, a vida não seria possível. O mesmo se passa com os cristãos. Quando algum deles faz coisas extraordinárias, que toda a gente pode ver e louvar, isso é bom. Mas, bem vistas as coisas, o extraordinário é coisa de momento e passa… e o que fica é a vida de todos os dias e os cristãos que, aqui, mudam verdadeiramente o mundo, porque vivem de modo evangélico os dias humildes da sua existência escondida… e sem eles, a vida seria muito mais agreste, violenta e sem sentido.

4. Este testemunho quotidiano não é fácil. Não é fácil, porque a exigência evangélica incomoda aquele que a vive – incómodo que, quase sempre, vem a traduzir-se em formas mais ou menos insidiosas de tentação: tentação de desistir, deixar correr, de ser «como os outros», sem rosto nem identidade… tentado e, tantas vezes, vencido, o cristão não pode deixar de se conhecer como pecador incessantemente chamado à conversão. Não é um testemunho fácil, também, porque incomoda aqueles que vivem segundo o espírito do mundo – e, por isso, quase sempre se confronta com formas mais ou menos disfarçadas de oposição: desprezo, calúnia, discriminação, insulto. É o caso de alguns católicos com maior visibilidade na vida pública. Há quem, não suportando tal facto, traga o insulto para o debate. Não o insulto às opções políticas do visado (o que já seria mau), mas o insulto à sua condição crente: «diácono Remédios», aplicado publicamente a um político católico, é o exemplo mais recente de um certo linguajar pseudo-político e pseudo-intelectual que revela o quanto, mais do que as políticas, se sentem incomodados com a presença de católicos na vida pública. Não é, porém, exemplo único – é apenas a explicitação agreste do incómodo que, em muitos ambientes, causa o facto de ser cristão e viver em conformidade.

5. O cristão, individualmente e em comunidade, está chamado a mudar o mundo. No início de mais um ano, 2003 anos depois do nascimento de Cristo, este chamamento repete-se com sempre maior actualidade e exigência. Há um mundo de pecado e sofrimento no qual o cristão deve dar testemunho de bondade e alegria para, assim, ser sal da terra e luz do mundo.

Fonte Ecclesia

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