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Cardeal Patriarca sem papas na língua
2002-12-23 21:50:02

O Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, foi o entrevistado no programa "Diga Lá Excelência" da RR e do "Público, tendo abordado alguns dos temas mais quentes da actualidade nacional sem receios nem falsas neutralidades.

O tema do "Canal 2" da RTP, que vai ser cedido à sociedade civil é um bom exemplo: D. José Policarpo diz-se "perplexo" com esta medida e diz que precisa de "perceber melhor a solução proposta". O Cardeal Patriarca explica que "a sociedade civil somos nós, é a expressão dos cidadãos como pessoas e membros de instituições que não se identificam com as estruturas estatais". Fica a pergunta, num país que é "subsídio-dependente”: Quem vai pagar as iniciativas da sociedade civil?
Quando questionado, sobre se admite a participação da Renascença e de outras estruturas da Igreja neste projecto, D. José Policarpo lembra que a produção audiovisual é dispendiosa e a Igreja não tem meios para participar se tiver que pagar esses custos a preços correntes. No entanto, o que o Cardeal admite negociar e espera que "qualquer projecto concreto e operacional que seja apresentado permita que as instituições da Igreja se possam unir", até porque têm organismos como a RR, "um órgão poderoso na linha da comunicação social".
D. José Policarpo deixa ainda a dúvida se será possível avançar com uma "estratégia de intervenção em que não participem apenas a Conferência e a Comissão Episcopal" como no programa "A Fé dos Homens". O Cardeal Patriarca diz que não tem ainda dados para responder a isso.
Abordando várias questões de foro interno, D. José revelou que “a Doutrina Social da Igreja é uma inspiração doutrinal e dá azo a diferentes interpretações.” Na abordagem que a Igreja em feito à questão do trabalho, o Patriarca de Lisboa refere que “o lucro é um fim justo, mas o seu objectivo não pode ser a acumulação de riquezas nas mãos só de alguns.” Concretizando a sua abordagem, D. José afirmou que “o empresário não pode ser o patrão, mas o gestor que corporiza uma comunidade de pessoas”.
A análise ao sacerdócio católico revelou duas convicções profundas de D. José: “os Padres não se devem envolver em sarilhadas de tipo governamental”, comentando a nomeação do Pe. António Vaz Pinto para alto-comissário das Migrações e “a homossexualidade é uma contra-indicação para ser sacerdote” em relação ao problema da pedofilia.
Outra questão abordada nesta entrevista aos jornalistas Graça Franco e José Manuel Fernandes foi de âmbito internacional: a possibilidade de uma guerra no Iraque. Na opinião do Cardeal Patriarca, nas circunstâncias actuais uma guerra contra o Iraque só poderá fazer-se no quadro do conceito de "guerra preventiva", um conceito novo que deve, diz D. José, levar à reflexão porque não é claro que o seu uso seja legítimo porque, até aqui, “a guerra justa era sempre a que implicava a defesa objectiva contra uma agressão real e não apenas suspeitada e antecipada”.
D. José Policarpo tem esperança que o conflito seja "evitável". Se, no entanto, a guerra for mesmo em frente as consequências são ainda imponderáveis.

Fonte Ecclesia

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