paroquias.org
 

Notícias






Padre Quase Designer Prega nas Caldas da Rainha
2002-12-14 09:41:25

Diamantino Faustino, 29 anos, é, desde Setembro, padre em quatro paróquias das Caldas da Rainha. Passou pelo mundo das artes e chegou a tirar o curso de Design Cerâmico na Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha (actual Escola Superior de Tecnologia, Gestão, Arte e Design), onde obteve vários prémios que o distinguiram enquanto aluno.

Mas a "questão vocacional não estava resolvida" e seguiu para o seminário para se certificar quanto a esse chamamento. Diz que tomou a opção certa, mas confessa: "Não posso ver uma folha de papel em branco porque me dá logo vontade de fazer uns bonecos". E mantém-se atento às inovações na área do design.

A sua formação, pensa, "pode ser utilizada para o processo de renovação dos conceitos e definição da arte sacra". A mudança deve estender-se ao discurso, onde se deve "dizer o essencial de uma maneira clara, simples e bela, para as pessoas entenderam e aderirem".

A opção pelo Design surgiu a seguir ao 10º ano, quando Diamantino Faustino escolheu seguir o curso técnico-profissional de cerâmica, na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha. Seguindo a mesma área, decidiu "estrear" a recém-instalada Escola Superior de Arte e Design em 1989. "Foi uma experiência agradável viver nesse mundo, que despertava em nós, jovens na altura, todo o interesse em conhecer o meio do design e das artes. Foram três anos de conhecimento de novas ideias, de um novo espírito e de uma dinâmica interessante entre alunos e professores", recorda. Ainda pensou em tirar arquitectura, mas não o concretizou porque teria de se deslocar para fora da cidade.

O padre explica que o seu gosto pelo Design, destacando as vertentes "da utilidade, da ergonomia e da estética, aspectos que têm a ver com a criatividade artística e tecnológica". "Atrai-me muito a criatividade no aspecto funcional".

Enquanto aluno, ganhou os prémios de Design Cerâmico num concurso organizado pela Câmara das Caldas e pela Associação para o Desenvolvimento da Arte e do Design, em Julho de 1991 e o concurso de Design Industrial, no ano seguinte. Participou com os seus trabalhos em vários concursos e simpósios, mas no fim do curso o seu dilema interior teve que ser resolvido. "A questão já vinha de trás e, no fim do 12º ano, cheguei mesmo a pensar entrar para o seminário mas ainda era novo, pois tinha apenas 17 anos", conta.

Nem a proposta para seguir os estudos no estrangeiro o demoveu. "Tive mesmo necessidade de resolver a questão que andava cá dentro já há uns anos", vivida "quase em segredo porque sou uma pessoa pouco expansiva". Mesmo assim, a sua vida de estudante era "normal", já que não fugia das festas académicas e das "directas" a fazer trabalhos.

"Podia ter sido um artista"
Quando entrou em Teologia, na Universidade Católica, Diamantino Faustino acusou a mudança para um mundo diferente. "Senti alguma dificuldade no início do curso com a Filosofia, o Latim e Grego. A metodologia era diferente mas, depois, a parte das línguas acabou por ser muito interessante. Os professores tinham de facto outra linguagem", recorda.

A escolha em abraçar a Igreja foi a "certa", mas Diamantino Faustino assume que sente "alguma tristeza" por ter posto de lado a sua veia artística. "Sinto que podia ter sido um artista como criador de design", refere.

No seminário ainda fez alguns projectos, mas a "criação tecnológico-artística não foi desenvolvida". No entanto, pensa que pode utilizar a sua formação na "renovação dos critérios de definição da arte sacra", desde a arquitectura dos espaços às imagens das igrejas. "Não pretendemos voltar ao barroco mas também não se quer o experimentalismo", explica.

E o seu contributo pode ter outras formas: "Estamos a fazer uma igreja na Foz do Arelho e dialogo com o arquitecto para lhe transmitir toda a sensibilidade que tenho", exemplifica.

Diamantino Faustino considera o seu actual trabalho "muito gratificante" e não pensa, "para já" concluir a formação em Design com uma licenciatura - quando tirou o curso só havia bacharelato. "Teria que passar por uma autorização superior, sobre a sua utilidade para a Igreja".

Fonte Público

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia