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«Muito caminho já foi percorrido»
2002-12-14 09:21:01

O Arcebispo de Braga considera que «muito caminho já foi percorrido» após o encerramento do Concílio Vaticano II, em Dezembro de 1965, mas reconhece também que ainda «há muita coisa para pôr em prática». Entre o «já feito» e o «ainda por fazer», alertou D. Jorge Ortiga anteontem à noite na Faculdade de Teologia de Braga, «é bom que sublinhemos o positivo da Igreja» quando a tendência da sociedade é abusar «no que é negativo».

Diário do Minho / Religião / D. Jorge Ortiga sobre a recepção do Concílio Vaticano II«Muito caminho já foi percorrido»O Arcebispo de Braga considera que «muito caminho já foi percorrido» após o encerramento do Concílio Vaticano II, em Dezembro de 1965, mas reconhece também que ainda «há muita coisa para pôr em prática». Entre o «já feito» e o «ainda por fazer», alertou D. Jorge Ortiga anteontem à noite na Faculdade de Teologia de Braga, «é bom que sublinhemos o positivo da Igreja» quando a tendência da sociedade é abusar «no que é negativo».O Arcebispo de Braga foi um dos participantes na tertúlia teológica organizada pela Associação de Estudantes daquela Faculdade do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa (UCP-Braga), para avaliar “A recepção do Concílio Vaticano II” — inaugurado pelo Papa João XXIII, em 11 de Outubro de 1962.Os organizadores convidaram também os padres António Luís Esteves e Manuel Costa Santos, professores da Faculdade de Teologia, e Carlos Nuno Vaz, docente da Faculdade de Filosofia de Braga — mas com doutoramento em Teologia concluído após o Concílio, conforme recordou no início da sua intervenção. Em vez de «moderador» do debate, o padre Esteves apresentou-se no final da tertúlia teológica como «agitador» da discussão pacífica que, contudo e em alguns momentos, incidiu nos aspectos negativos da recepção na Arquidiocese de Braga do «maior acontecimento religioso do século XX».

Talvez por isso, quando foi convidado a encerrar o debate, D. Jorge Ortiga advertiu: «podemos sair daqui com uma visão negativa» quando há razões, continuou, «para estarmos orgulhosos do caminho que já percorremos». Todavia, elas mais não podem ser do que motivos para um maior «empenho na actualização do Concílio», disse também.Alertou que «a aplicação do Concílio não se faz do dia para a noite», apontando como exemplo a vigência do Concílio de Trento realizado no século XVI — um Concílio que, havendo referências à suas doutrinas são quase sempre para desclassificar a actuação da Igreja, «foi grandíssimo», tem «coisas interessantes» desde que seja analisado à luz do Vaticano II — referiu, a propósito, o padre António Luís Esteves.Insistindo «no muito caminho já percorrido», que o que faz falta é «interpelar pela positiva» os desafios contidos nos documentos conciliares, D. Jorge Ortiga também se referiu «à Igreja que não é aquilo que deveria ser». É verdade que «há muito Concílio para pôr em prática, mas também já muito foi feito» — concluiu o Arcebispo de Braga.Homilias: oportunidade perdida?A Constituição sobre a Igreja (Lumen gentium) e sobre a Bíblia (Dei Verbum) foram os dois documentos do Concílio Vaticano II mais citados nesta tertúlia teológica organizada pela Associação de Estudantes da Faculdade de Teologia-Braga.O ecumenismo e o diálogo inter-religioso também foram abordados. Sendo pouco expressivo em Portugal, porque a maioria da população declara-se católica, a falta de condições para o seu exercício obriga, mesmo assim, «a formar mentalidade ecuménica» — alertou o padre António Luís Esteves, que moderou o debate.Sobre o primeiro documento demorou-se Manuel Costa Santos, que disse que «a Lumen gentium fala de pessoas divinas e pessoas humanas participantes da unidade na Trindade», acrescentando que «a Igreja é ensaio, aprendizagem para a comunhão que Deus é e oferece, e para quem todos os homens peregrinam».

Nesse sentido, a questão central do Concílio Vaticano II – “Igreja, que dizes de ti mesma” – suscita outra, no seu aprofundamento: “Igreja, que dizes do homem e ao homem?” Segundo este professor da Faculdade de Teologia, a mentalidade conciliar tem que ser criada não só na hierarquia da Igreja mas também nos conselhos pastorais diocesanos e paroquiais. A este nível, ou seja nas paróquias, a Igreja é «capaz de comunicar com inúmeros milhões todos os domingos de manhã» — afirmou, citando Alvin Toffler, numa alusão às oportunidades perdidas na actualização do Concílio Vaticano II. Carlos Nuno Vaz e António Luís Esteves centraram-se as suas intervenções na “Dei Verbum”, considerando que muito do que não se faz (ou melhor, a pouca ou quase nula recepção do documento conciliar) é devido à falta de estudo e aprofundamento da Palavra de Deus. Que é visível nas homilias, disseram também, ou na forma como se tenta «cristianizar a sociedade quando o que é preciso é cristificá-la», observou Carlos Nuno Vaz, para quem a Revolução do 25 de Abril «distraiu» na aplicação do Concílio Vaticano II em Portugal. No entanto, «não é preciso um terceiro Concílio; é preciso aprofundar», esclareceu, o Concílio que foi encerrado pelo Papa Paulo VI — fez no passado domingo, dia 8 de Dezembro, 37 anos.

Associação de Estudantes da Faculdade de Teologia - Centro Regional de Braga (UCP)


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