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Mensagem de Natal às Forças Armadas e às Forças de Segurança
2002-12-12 22:21:46

1. Permitam-me uma metáfora:
Como é possível imaginar a subida até à nascente de um rio, assim desejava eu fosse o sentido desta época!
Entre nós a festividade natalícia consagra a exuberância do comércio, o halo da família, o mundanismo das decorações, o exibicionismo social, o despesismo em consequência, muito mais próprias da passagem de ano. Não nego, no entanto, o significado de muitas dessas expressões, no seu comedimento e convicção de fé.


Subir o grande rio até à fonte é reflectir sobre as razões de um Acontecimento e suas consequências, que, de modo imperceptível, deixaram marcas na cultura da sociedade portuguesa.

2. Crentes ou descrentes, somos convidados a recusar a sonolência de um mundo, onde, ao longo dos meses, se regista a desqualificação das verdadeiras motivações em proveito da insensibilidade, como se todos fossemos vítimas do que menos conta. A indiferença nasce, com certeza, do bocejo social.

3. Reflectir na origem dos sinais natalícios, de índole universal, é determo-nos diante do nascimento histórico duma Figura irrepetível, ou, suposta sempre aquela atitude, exprimir a confiança numa Pessoa que connosco permanece até ao fim, e de Quem a Igreja traduz a Verdade e a Beleza.
Da força de hábitos, do cansaço de pensar, de tradicionalismos vividos, que chegam até nós pela calada da existência, somos convidados a recuperar o sentido.
Trata-se duma marcha de libertação, numa época em que valores transmitidos perderam o brilho da actualidade e da persuasão.
É um apoucamento humano silenciar exigências de conhecimento histórico e de abertura a aspirações culturais. São comprometedores para o mundo e para as crenças, os fanatismos, as exaltações e as incoerências.
Precisamos de cultivar uma mentalidade de reencontro, onde as opções dos humanismos, do ecumenismo e do diálogo inter-religioso traduzam um serviço a prestar à superação de antagonismos.

4. Numa altura em que as Forças Armadas e de Segurança se inquietam pelo futuro; em que os sectores do país são responsabilizados pela prática da defesa através do respeito pelos critérios da cidadania, de que se destacam a justiça e o desenvolvimento, condições únicos da Paz; em que muitos fomentam o cultivo da formação, enquanto educação para os valores, é de relevar o património das convicções culturais, e no particular, a limpidez das nossas adesões religiosas, que nos devem unir.
Há interrogações que nos põem à prova:
Porquê a falta de esperança?
Porquê a injustiça e a pobreza?
Porquê os atentados contra a Paz?
Porquê o silêncio de Deus? Porquê os longos silêncios do ser humano?
Porquê o alheamento pelas questões do mundo e do ambiente?

Porquê a ineficácia e a improdutividade no desempenho da tantos cargos e missões?

5. A transformação social e a valorização das pessoas interrogam a nossa coragem e decisão. O “eixo do mal” são as desventuras e os conflitos que qualquer ser humano semeia.
Há muitas pessoas que penam entre nós. E o pior sofrimento é a sensação da impossibilidade da saúde.
Parece que, nesta altura, todas as cruzes da história e de quemquer, se tornam mais pesadas. Oxalá mantenhamos ao longo de cada ano este acolhimento das aflições.
Evocamos particularmente os membros falecidos das Forças Armadas e de Segurança e a solidão das suas Famílias.
A Dor e a Esperança são sentimentos iguais.
Numa visita a uma unidade de paraquedistas italianos, o Papa João XXIII fez esta advertência:
“Eu não desejaria, meus caros rapazes, que devido ao hábito de saltardes do Céu, fosse esquecido o modo de lá voltar...
Regressar à nascente é descobrir a gruta do Presépio.
Deus está no nosso meio.
Muito Bom e Muito Feliz Natal!

D. Januário Torgal Mendes Ferreira

Fonte Ecclesia

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