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Conclusões do Conselho Geral da Caritas Portuguesa
2002-11-25 21:24:50

O Conselho Geral da Caritas Portuguesa, reuniu em Fátima nos dias 23 e 24 de Novembro de 2002, sob a Presidência de D. José Sanches Alves, Presidente da Comissão Episcopal da Acção Social e Caritativa, estando presentes as Caritas Diocesanas de todo o país.

Depois de uma breve apresentação feita pelo Sr. D. José Alves, o Presidente da Caritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, saudou todos os participantes, dando de imediato a palavra ao Delegado Episcopal da Caritas Espanhola, Pe. Salvador Pellicer, que discorreu sobre a Identidade e Missão da Caritas. Da sua intervenção, são de destacar os seguintes aspectos:

- a Caritas não é uma organização opcional que, desde fora, se põe ao serviço da Diocese, nem é uma sucursal de uma organização supra-diocesana. É, na realidade, um ministério pastoral com que o Bispo promove e garante autorizadamente a responsabilidade da sua Igreja particular na promoção, actualização e harmonização de uma dimensão irrenunciável da Igreja a que preside;
- a Caritas não é uma mera organização, mas um organismo da Igreja, cujo papel é ser ícone permanente do amor de Deus ao homem;
- a Caritas é da comunidade, é a comunidade, e não pode conceber-se desvinculada da comunidade eclesial;
- uma das grandes tarefas da Caritas consiste em dar sentido à fraternidade universal, começando pelos “últimos” da terra;
- a Caritas tem um papel fulcral na animação comunitária: é chamada a animar e participar activamente em todas as iniciativas de solidariedade justa que surjam na Igreja e na sociedade. «Não façamos “coisas” para os excluídos; façamos o possível para os integrar, façamo-los entrar nas nossas “coisas”», disse, referindo-se aos excluídos.
- a Caritas deve mobilizar a comunidade cristã, sensibilizando-a para partilhar fraternalmente os bens de todo o tipo: economia, cultura, saúde, o tempo, o território, os espaços de vida, os valores e tudo o que faz parte da vida do ser humano.
- a espiritualidade da Caritas exige que se tomem algumas atitudes e acções concretas:
o a adesão à pobreza evangélica: não podemos viver em abundância, quando a muitos falta o indispensável;
o a experiência concreta de partilha: não basta à Caritas ser um órgão que canaliza a partilha: ela própria deve ser uma autêntica experiência de partilha;
o proximidade e convivência com os pobres: a Caritas deve desenvolver a sua actividade junto dos mais pobres, com entusiasmo e estímulo.

Após um tempo de diálogo, o Presidente Eugénio Fonseca apresentou um breve relatório do mandato da Direcção cessante, bem como a indicação do que entendeu serem as principais prioridades para o próximo mandato. Foram ainda apresentados aos participantes o Plano de Acção, Calendário de Actividades e os Orçamentos Previsionais e Rectificativos para 2003, os quais, após a introdução de ligeiras alterações surgidas da reflexão dos vários grupos, foram aprovados por unanimidade.

Foram de seguida abordadas as acções previstas para a próxima Semana Nacional da Caritas, a decorrer de 16 a 23 de Março de 2003, que culminará com um encontro nacional na Diocese de Évora. O acolhimento ao imigrante será o tema dominante nesta celebração, tendo sido escolhido para o efeito o lema “sem fronteiras, nem barreiras”.

Como resposta à preocupação com o conhecimento público das acções empreendidas pela Caritas, foi convidado o Cónego António Rego, que produziu uma reflexão sobre a visibilidade da acção social e caritativa da Igreja e da Caritas em particular. A sua intervenção consistiu, sobretudo, na apresentação de breves pistas de reflexão sobre o assunto, donde se destaca:

- a própria palavra Caridade transporta uma carga tão nobre como depreciativa, se dela estiverem arredadas as dimensões da justiça e dos direitos;
- importa lançar a imagem da solidariedade no sentido mais puro do termo, acordando as pessoas para um todo do homem, e não a afunilar noutros aspectos menos positivos ou apenas para pedir coisas às pessoas;
- a Caritas, mais do que uma central de distribuição, é uma causa, o que faz a diferença, o acréscimo, o suplemento de alma que dá sentido às coisas e que constitui a sua matriz específica;
- a Caritas pode transmitir a credibilidade que outras iniciativas não têm; é preciso investir na imagem de que a Caritas é credível e merece confiança por inteiro;
- uma campanha não se faz a qualquer preço e o seu êxito não se mede pelo que rendeu; é preciso que seja vista como uma pedagogia da partilha e da ajuda aos outros, de olhos abertos para os que estão além da margem;
- uma campanha não pode ceder ao facilitismo, ao efémero e imediato, à dramatização da tragédia para ter benefícios acrescidos, assumindo sempre, pelo contrário, e com coragem a verdade das situações;
- a gratuidade é na Caritas um valor essencial, eliminando sempre posicionamentos que pressuponham expectativas de retorno;
- embora sabendo resistir à tentação do protagonismo, a Caridade não deve deixar de ser organizadamente anunciada, pois as pessoas sensibilizam-se hoje em torno do que acontece e não em torno de uma teoria.

No segundo dia de trabalhos, foram apresentados os projectos de intervenção social que estão a ser desenvolvidos na Caritas Portuguesa, sob as designações de “Convergências” e “Envolver +”, ambos inseridos em programas do Fundo Social Europeu.

Procedeu-se de seguida à eleição dos Corpos Sociais para o triénio 2002-2005. Na ocasião, o Presidente Eugénio Fonseca formulou um voto de louvor e muito apreço aos membros da Direcção cessante pelo trabalho desenvolvido e dirigiu palavras de acolhimento e saudação à nova Direcção e todos os demais Corpos Sociais.

Foi feito o ponto da situação da campanha “Fome em Angola – Urgência de Caridade” e avaliadas as circunstâncias que estiveram na sua origem e que determinaram o seu desenvolvimento. Faltando ainda apurar os resultados em 5 Dioceses e os depósitos na conta aberta pelo próprio Patriarcado, foi já recolhida a importância de 526.400 Euros, tendo sido, entretanto, utilizados para bens alimentares, sementes e alfaias agrícolas, aproximadamente 155.000 Euros.

Os trabalhos terminaram com a Eucaristia presidida pelo Sr. D. Aurélio Granada Escudeiro, no decurso da qual foram empossados os novos Corpos Sociais da Caritas Portuguesa, a cuja Direcção continua a presidir o Prof. Eugénio da Cruz Fonseca.

Fátima, 24 de Novembro de 2002

Fonte Ecclesia

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