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DECLARAÇÃO DA PAX CHRISTI INTERNACIONAL SOBRE UMA “GUERRA PREVENTIVA” CONTRA O IRAQUE
2002-11-18 22:28:56

A Pax Christi, Movimento Internacional Católico pela Paz, tem acumulada uma grande experiência nos domínios da construção da paz, da reconciliação e dos direitos humanos. Esta experiência permite-nos afirmar que o caminho que leva à paz e à justiça não passa pela guerra nem pelo militarismo, mas sim, pela cooperação internacional, pela prevenção e solução de conflitos, pela erradicação das causas primeiras da injustiça e da opressão. Juntamos, assim, a nossa voz à de todas as Instituições eclesiásticas e Dirigentes Cristãos dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e do mundo inteiro que estão persuadidos de que uma guerra contra o Iraque seria tanto ilegal como imoral.

A Pax Christi Internacional rejeita o princípio de uma acção preventiva contra o Iraque. Acreditamos que as vidas das populações iraquianas já foram suficientemente afectadas pela guerra de 1991, pela opressão e pelo efeito das sanções indiscriminadas. Uma guerra acrescentaria um enorme sofrimento para este povo. Uma guerra significaria igualmente um perigoso precedente para a solução de conflitos, ameaçaria o frágil equilíbrio no Médio Oriente e faria aumentar a violência e a contra – violência. O conflito israelo-palestino deteriorar-se-ia ainda mais e poderia até conduzir a uma 3ª Guerra Mundial. O que está em jogo é, pois, de uma enorme dimensão!

A Pax Christi Internacional reconhece a necessidade de responsabilizar os Dirigentes Iraquianos pelas inúmeras violações dos direitos humanos, relatadas pela Comissão de Direitos Humanos, e pelo não cumprimento das resoluções das Nações Unidas. Mas muitos outros países, tais como Israel, deveriam ser responsabilizados pelas mesmas razões de incumprimento na aplicação das resoluções das NU. Acreditamos, no entanto, que isto deve ser feito, não através da precipitação de uma guerra, mas sim através de uma severa acção diplomática e política. No caso do Iraque, a colaboração diplomática com a ONU deve ser reforçada, as inspecções da ONU ao armamento do país devem ser retomadas e as eventuais sanções a adoptar devem ser dirigidas ao Governo iraquiano, poupando as populações civis. A Pax Christi Internacional pede à comunidade internacional que use os seus talentos e recursos para promover a paz e a democracia no Iraque.

O Movimento Internacional pela Paz julga que a União Europeia tem uma responsabilidade especial na prevenção de uma guerra e na instauração da paz naquela região. A União tem o dever de se manifestar, de contestar a posição unilateral dos Estados Unidos e de defender um reforço e um alargamento do papel da ONU na criação de uma paz justa e da restauração da democracia para o bem do povo iraquiano. Isto constituiria uma mensagem clara para todos os que crêem que a guerra e os ataques aéreos são o único meio para negociar com o Iraque.

É deplorável que as nações mais poderosas do mundo continuem a considerar a guerra, ou a ameaça de guerra, como um instrumento aceitável na sua política externa, contradizendo, assim, tanto a ética das Nações Unidas como os ensinamentos da moral de todas as religiões, e portanto, também, do Cristianismo. Os Governos e as Organizações intergovernamentais do Ocidente devem fazer tudo o que for possível para mobilizar todos os recursos humanos, económicos, políticos e tecnológicos no sentido de assegurar soluções pacíficas para os conflitos internacionais, fazer progredir a democracia e os direitos humanos e promover um desenvolvimento económico e social sustentável.

Comité Director
21 de Outubro de 2002


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