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Vaticano rejeita documento de luta contra a pedofilia adoptado pelos bispos americanos
2002-10-19 14:50:39

O Vaticano rejeitou hoje um documento adoptado em Junho pelos bispos americanos com o objectivo de lutar contra a pedofilia na Igreja Católica.

A Santa Sé considerou a carta de resoluções "vaga e imprecisa" e pediu a sua revisão.

Os bispos americanos aceitaram as objecções do Vaticano e vão constituir uma comissão para rever o documento, anunciou o presidente da Conferência Episcopal dos EUA, o monsenhor Daniel Gregory, que se foi recebido ontem por João Paulo II.

A decisão do Papado foi endereçada a Daniel Gregory em carta escrita pelo cardeal Giovanni Battista Re, prefeito da congregação dos bispos. Confrontados com uma série de escândalos de abusos sexuais e de actos de pedofilia cometidos por sacerdotes americanos, os 288 bispos católicos dos EUA adoptaram, numa conferência episcopal realizada em Dallas, em Junho, uma série de resoluções de "tolerância zero".

O documento foi submetido à aprovação da Santa Sé a 26 de Junho, tendo agora sido recusado. "As resoluções adoptadas em Dallas podem ser uma fonte de confusão e ambiguidade, porque, sob certos aspectos, são dificilmente conciliáveis com a Lei Universal da Igreja", justificou o Vaticano, considerando apropriado que, antes da aprovação do documento, se proceda a uma "nova reflexão".

O documento aprovado pelos bispos americanos assenta em quatro pontos. O primeiro prevê a exclusão imediata de qualquer sacerdote responsável por agressões sexuais a menores. O segundo ponto diz respeito à comunicação às autoridades judiciais dos alegados abusos cometidos. Em terceiro lugar, o documento preconiza o fim das cláusulas de confidencialidade impostas às vítimas que iniciam processos judiciais por danos causados. Por último e mais polémico, os bispos americanos defendem que os casos e abusos sexuais devem ser analisados por uma comissão diocesana.

O Vaticano propõe, antes, a criação de uma comissão mista de oito membros, "composta por quatro prelados escolhidos pelos bispos americanos e quatro representantes da Santa Sé". A preocupação do Papado é que estas posições levem a "julgamentos sumários" e alguns sacerdotes sejam punidos sem terem feito nada de mal. Além disso, alguns pontos violam a lei canónica, código interno da Igreja Católica, em termos de direitos humanos.

A conferência de Dallas seguiu-se ao apelo à análise dos danos causados à Igreja Católica por esses mesmos escândalos, lançado pelos cardeais americanos no Vaticano.

Os escândalos sucederam-se desde Janeiro nos EUA, após a revelação de documentos que informavam que os responsáveis da arquidiocese de Boston tinham readmitido padres acusados de molestar crianças sem avisarem os paroquianos. A crise levou à demissão de cerca de 300 sacerdotes.

Fonte Público

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