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«Só a Igreja Católica nos ajuda»
2002-10-26 10:35:18

Pequena, mas da realeza. A Capela de S. Ivan Rilsk é o único templo actualmente reconhecido pela Igreja Ortodoxa em Portugal, dependente do Patriarcado de Constantinopla, e fica na Embaixada da Bulgária, em Lisboa.

A capela pertencia à rainha Joana da Bulgária, mãe do actual primeiro-ministro daquele país, o rei Simeão, a viver durante o seu exílio no Estoril, desde 1963. Após a sua morte, a 26 de Fevereiro de 2000, a família real doou o templo à embaixada búlgara para receber os inúmeros fiéis que vivem em Portugal. A decoração da capela é, contudo, diferente. O seu altar de madeira, as pinturas à mão e o portal que fecha o altar, habitual no rito ortodoxo, foram doados pelo Governo búlgaro. A antiga capela, feita praticamente dois anos antes do falecimento da rainha, estava decorada de forma a receber missas católicas e ortodoxos. Agora, a sua decoração é 100% ortodoxa. Contudo, as únicas cerimónias ali realizadas são no Natal, Páscoa e em ocasiões especiais.

A capela foi consagrada pelo bispo Simeon, búlgaro, representante da Igreja Ortodoxa para a Europa Ocidental, no Dia Nacional da Bulgária, a 3 de Março de 2001. Desde essa data que, sempre que a comunidade aí se reúne, a oração começa da mesma maneira, como manda a tradição. Um padre ortodoxo, virado de costas para os fiéis, dá início à eucaristia, depois de se vestir a rigor com a sua estola, cinto e punhos. Por baixo dos adereços está a alva e por cima de tudo a casula. Durante a liturgia, o sacerdote vira-se para a comunidade presente e abre a porta real de madeira. No final da oração dá a beijar aos fiéis a Cruz de Cristo.

A decoração da Capela de S. Ivan Rilsk está muito de acordo com a cultura búlgara. «Cada país tem uma forma diferente de decorar as suas igrejas», explica o padre Alexandre Bonito, representante do patriarcado de Constantinopla em Portugal. Na entrada do templo está uma fotografia da rainha Joana. Os ícones que decoram o altar da capela, todos pintados à mão, são imagens planas de Cristo, da Virgem Maria, do santo patrono e de São João Baptista _ visto a Igreja Ortodoxa ser contra as imagens em pedra dos santos. O altar tem ainda no centro, por cima da porta real, uma pintura a retratar a «Ascensão».

«Antigamente, a comunidade ortodoxa no País só estava relacionada com a Embaixada da Grécia. Hoje, com o aumento do número de imigrantes dos países de Leste, a situação mudou. Mas continuamos a não ter um templo em território nacional», afirma Alexandre Bonito, padre desde o pós 25 de Abril de 1974. Para o sacerdote, continua a haver intolerância religiosa, afirmando mesmo que «em Portugal existe um boicote à Igreja Ortodoxa. Os nossos pedidos à Câmara de Lisboa vão parar a uma comissão que não existe, a chamada Comissão de Cedências. Acaba por ser só a Igreja Católica a ajudar-nos». Apesar de estar quase sempre fechada, qualquer pessoa pode visitar a capela aos domingos de manhã. Recorrendo à ajuda da Igreja Católica, celebrações, como eucaristias, casamentos e baptismos, são feitas em igrejas cedidas por diferentes dioceses católicas. Em Caselas, na paróquia de São Francisco de Xavier, em Lisboa, as celebrações litúrgicas são realizadas todos os primeiros e terceiros domingos de cada mês. Orientadas pelo padre Alexandre Bonito, são para toda a comunidade ortodoxa, daí serem feitas em eslovaco, grego e português. Também a Capela de São Crispim, no centro da capital, foi posta ao dispor da comunidade. Ali as celebrações são orientadas pelo padre Marius, romeno, e especialmente para a comunidade romena.

Fonte DN

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