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Campanha Publicitária de Fundação da Igreja Levanta Protestos de Alguns Católicos
2002-10-17 10:23:25 Um cartaz que reproduz uma Última Ceia mas sem a figura de Jesus Cristo, e a legenda "Um pode fazer a diferença", destinado a recrutar voluntários para o apoio a organizações de cooperação, já originou protestos de católicos - incluindo alguns padres de Lisboa.
Mas a entidade que promove a inédita campanha publicitária, uma fundação ligada à Igreja, diz que não há razão para tal e que a imagem "é respeitadora" e não pretende "chocar" ninguém.
A campanha é da responsabilidade da Fundação Evangelização e Culturas (FEC), uma entidade constituída pela Igreja Católica para apoiar projectos de desenvolvimento e cooperação nos países lusófonos. O objectivo é sensibilizar as pessoas para a importância do voluntariado e do empenhamento na área da cooperação. Não é só a FEC que está em causa, explica ao PÚBLICO o administrador da fundação, Jorge Líbano Monteiro, mas as 26 instituições ligadas à FEC - como a Cáritas ou os Leigos Para o Desenvolvimento.
As reacções negativas surgiram ainda antes de os primeiros cartazes irem para a rua - já há alguns colocados desde ontem em "outdoors" nas ruas de Lisboa. Mas os bispos do conselho permanente da Conferência Episcopal apoiaram a ideia. Amanhã, seguirão por correio cartazes para as quase 4400 paróquias do país, para serem afixados à porta das igrejas e outras instituições católicas.
Líbano Monteiro, 33 anos, admite que possa haver "sensibilidades diferentes" em relação a uma imagem que faz ironia com uma gravura que representa um facto central da fé cristã. "Um pode fazer a diferença - Ofereça-se como voluntário para África" pretende "fomentar um novo impulso missionário dos portugueses", diz a fundação. "A grande diferença deste cartaz para outras campanhas que aproveitam imagens religiosas é que a mensagem que aqui se quer passar coincide com o que é representado, ainda mais porque não são fins comerciais os que nos movem", afirma Jorge Líbano Monteiro.
No cartaz, reproduz-se uma pintura do espanhol Juan de Juanes, de 1516, que está no Museu do Prado, em Madrid. Só que à pintura original foi retirada a figura de Cristo. Daí a frase escolhida - sem a personagem central da Última Ceia a história teria sido diferente, é a mensagem implícita. Uma referência que irá agora circular pelo país, também em "mupis" e em "outdoors".
A Fundação Evangelização e Culturas tem projectos na área da educação e da comunicação social, centrados neste momento em Angola e na Guiné-Bissau. Fazer chegar a emissão de rádios lusófonas a 80 por cento da população dos países africanos de expressão portuguesa e dar formação a formadores de professores são alguns dos projectos actualmente apoiados pela FEC. Mas a fundação quer também alargar a acção voluntária a médicos, enfermeiros, gestores, engenheiros e economistas.
Em Janeiro, será a FEC a principal responsável pela quarta reunião dos responsáveis das conferências episcopais da lusofonia. Pela primeira vez, estarão presentes os bispos de Timor.
Fonte Público
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