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Igreja Enfrenta Problemas da Família
2002-10-10 21:02:37

Planeamento familiar, educação sexual, uniões de facto, divorciados que voltaram a casar, problemas laborais - tudo isto passará pelo Congresso Nacional da Família, que hoje começa na Culturgest, em Lisboa, promovido pela Conferência Episcopal Portuguesa. Uma iniciativa que pretende debater «os problemas e os desvirtuamentos» das famílias contemporâneas e o modo como são respondidos pela Igreja Católica, de modo a que esta «não fique só a debitar doutrina como quem obriga, sem motivar as pessoas», como diz ao PÚBLICO o padre Victor Feytor Pinto, responsável operacional pela iniciativa.

Também a forma como a Igreja fala da vida familiar poderá ser posto em causa. Temas como os métodos anticoncepcionais ou as uniões de facto devem ser abordados na perspectiva de uma ética libertadora e não repressiva, diz Feytor Pinto, que admite que «alguns responsáveis católicos têm dificuldade em ter uma linguagem» que aponte naquele sentido. «Um modo de anunciar a doutrina como «isto é proibido, aquilo é permitido», é errado».

O Congresso terminará com a leitura de um Manifesto, que poderá conter sugestões para a acção da Igreja, mas também recomendações ou críticas ao poder político ou legislativo. «Se os participantes assim o considerarem, pediremos que as leis do trabalho nunca sejam demolidoras da vida familiar», afirma o padre Feytor Pinto, numa alusão ao actual debate sobre as leis laborais e suas implicações na família. «Será um manifesto para interpelar a sociedade e comprometer a Igreja», e que deverá levar as estruturas católicas a responder a «tantas famílias com dificuldades económicas».

No próprio enunciado dos objectivos, a intervenção política do congresso está prevista: analisar as políticas familiares; verificar a intervenção a favor das famílias em escolas, hospitais, fiscalidade ou apoios sociais; ou a afirmação de que «o Estado não pode substituir-se à família» e que o apoio à família é uma «função a exigir» fazem parte dos propósitos formulados pelos organizadores.

Para conseguir atingir estes objectivos, o congresso funcionará quase só com base em «workshops». Só no final do congresso, com uma intervenção do patriarca de Lisboa, e hoje à tarde, após a sessão de abertura, se realizarão conferências plenárias. D. José Policarpo falará sobre «A família no futuro do mundo e da Igreja». Hoje à tarde, João Carlos Espada intervém sobre a importância da família na vida social, Rita Lobo Xavier aborda a identidade da família na cultura contemporânea (incluindo os aspectos legislativos e as políticas familiares) e Carlos Azevedo (teólogo e vice-reitor da Universidade Católica) trata o tema «A família no plano de Deus».

Nos «workshops» - que se realizam amanhã durante todo o dia - a família será abordada como «unidade» de várias dimensões: unidade de vida, bem-estar e solidariedade; unidade de afectos; de fecundidade integral e de transmissão da vida; unidade social, de desenvolvimento e realização comunitária; unidade educativa; unidade económica; unidade de evangelização, de Igreja e de acção pastoral.

Neste último tema entrarão debates como os da atenção às famílias monoparentais ou sem filhos, às famílias numerosas e às que têm dificuldades económicas e sociais, às uniões de facto ou às famílias reconstruídas, às que têm deficientes ou filhos-problema, aos sem-família ou às famílias de migrantes.

Na mesa da sessão de abertura do Congresso Nacional da Família, ao lado do patriarca de Lisboa, estarão duas crianças: Madalena, de sete anos, e Joana, de quatro. São ambas filhas do casal Leonor Vasconcelos e Pedro Machete, que integram a comissão organizadora do congresso. Em declarações ao PÚBLICO, Leonor Vasconcelos Machete diz que espera que o congresso sirva para «reafirmar o papel único das famílias na sociedade». Ao mesmo tempo, deverá levantar questões e fazer um ponto de situação do que se passa. «Não são só as famílias cristãs que têm problemas.» E sobre a doutrina moral da Igreja para a família, também pensa que a iniciativa pode ser o «ponto de partida para falar» sobre ela.

Durante estes três dias, 450 delegados das 20 dioceses católicas do país estarão à procura dos problemas e das soluções.

Fonte Público

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