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A Família no plano de Deus
2002-10-09 19:26:20

Ser intérprete do que Deus planeou ou planeia para a família é serviço profético que me faz tremer. Convém, antes de mais ter presente que o plano de Deus é sempre interpretado por uma pessoa e um povo, inserido numa realidade social e comunicado segundo um determinado enquadramento cultural.

O melhor será deixar Deus falar, expor resumidamente o seu plano: - “Os modelos que tenho para vos guiar nos diferentes meios culturais e contextos sociais têm como arquétipos, como dizem os vossos mais eruditos, a minha família trinitária e a vossa família eclesial, que o meu Jesus instituiu entre vós. Jesus nasceu ele próprio numa família, que vós complicastes tornando-a esquisita, porque presos a uma mentalidade dualista e perturbada para entender as minhas maravilhas. No entanto, foi em Jesus que a plenitude do que quero para a família se desvendou. O peso da cultura greco-romana não deixou que brilhasse com todo o esplendor o meu plano para a família. Alguns fizeram-me sofrer por estarem vazios da confiança na minha força, para viver a condição familiar. Mas vou falar-vos ponto por ponto, para ser mais fácil.
1. Antes de mais sou Amor e a Igreja é a comunidade dos que Me amam e se amam reciprocamente.
Daí que a família, como a projectei, seja chamada a tornar-se uma comunidade de amor, na qual se aprendem e se entrelaçam muitos tipos de amor: amor conjugal, amor paterno, amor materno, amor filial, amor fraterno. As complicações das vossas mentes, demoraram a entender que a sexualidade é um dom que vos ofereci para humanizardes com ternura a vida e para gozardes o prazer com maturidade, equilíbrio e oblatividade, como expressão do amor criador do meu Espírito. Os membros de uma família cristã são chamados a amar-se sobrenaturalmente, com a caridade de Cristo. Quando não conseguis, dizeis que é natural. Espero que isso não seja uma crítica velada à minha obra. É que a vós, humanos, chamei-vos a ir além da natureza!
2. Vivemos em comunhão infinita, numa única vida, sendo um só Deus. A Igreja torna-se a comunidade daqueles que vivem em comunhão com Cristo e, através de Cristo, vivem em comunhão comigo e entre eles.
Na família, a comunhão passa por um consentimento pessoal e irrevogável (cf.GS 48), por uma comunidade de diálogo. O grande atentado à comunhão é a morte do diálogo. Diálogo do casal, diálogo entre as gerações, diálogo fraterno, diálogo aberto com toda a família humana. Encontrai tempo para falar, para ouvir, para dialogar; onde cada um possa abrir-se, na segurança de ser respeitado e compreendido. Assim, sereis “lugar primário de humanização da pessoa e da sociedade” (cf. CFL 40).
3. Entre nós, comunidade trinitária, há o máximo de diferença/distinção. Cada Pessoa é ela própria, sem nenhuma confusão entre nós. Na Igreja, a comunhão não é confusão e uniformidade. É convergência das diferenças na harmonia do Corpo de Cristo.
Todos os membros da família são “diferentes”. Esta diversidade marca todo o seu ser, e do modo especial a liberdade. Cada um realiza a própria individualidade, para cooperar na construção generosa de si e dos outros. Aceitar-vos mutuamente, nos conflitos e deficiências, é forma de participar na morte e ressurreição do meu Cristo, sinal do triunfo pascal do amor.
4. O meu Jesus, no amor do meu Espírito Santo, realiza um hino de louvor, que é a minha glória. A Igreja é a comunidade daqueles que unidos como meu Povo, me erguem um culto.
A família é convidada a ser comunidade de oração e de culto. É templo no qual acontece a oração pessoal, a oração do casal, a oração comunitária. É templo no qual me adorais, louvais, agradeceis e amais. Fazia parte do meu projecto que a vida familiar fosse glorificação do meu ser (Cf. LG 11), epifania do meu amor revelado em Cristo.
5. Eu enviei o meu Filho para salvar a humanidade. Eu e o meu Filho enviamos o Espírito Santo para levar a salvação ao coração humano. Cada membro da família eclesial é missionário, desempenha uma missão.
A Família é chamada a assumir a sua missão como parte integrante da sua identidade, como pequena comunidade missionária em que cada um oferece os seus dons. Não é suficiente o serviço recíproco. É necessário que o serviço seja praticado para com o exterior. Se ser família fosse mais uma vocação e menos uma instituição, abrir-se-iam novas vocações para a missão na Igreja.
6. Em todas as operações realizadas no exterior da vida trinitária há a participação de todas as Pessoas divinas. A Igreja vive a comunhão e a missão com a participação de todos.
Na família, como a projectei, cada um desenvolve a sua missão para o bem de todos e cada um está no coração da missão do outro, como se fosse a sua. O bem de cada um é o bem de todos e o bem de todos é o bem de cada um. Chamo a vossa atenção para a actual tendência das vossas famílias, nas quais cada um trata da sua vida sem participar na vida dos outros. Isto é fulcral e intenso nas famílias. Aí se formam os valores da cidadania, o gosto de participar e se envolver no bem comum que diz respeito a todos.
7. A santidade consiste no amor e por isso nós, Trindade, somos a suprema comunidade de Santos. Se a Igreja vive o amor, a comunhão, a diferença, o culto, a missão, a participação, torna-se um Povo Santo, que vive em aliança comigo.
A família cristã é chamada a tornar-se uma comunidade santa. Não somente cada membro da família e chamado à santidade, mas a família como família é chamada à santidade. Todos contribuem para a mútua santificação. Neste apelo Eu não esqueço a vossa tensão entre o ideal e a realidade. O meu Jesus continua a fazer tudo para que as comunidades eclesiais sejam rosto da minha incondicional misericórdia, em qualquer situação da vida, mesmo complexa.
8. A vida trinitária é uma vida de festa sem limites. Se a Igreja vive em Cristo, no amor para comigo e para com os meus filhos, torna-se comunidade de alegria, a caminho de felicidade eterna.
Segundo os analistas da sociedade e da cultura contemporânea as famílias aparecem incompletas, fragmentadas, sem valores, sem amor, sem alegria. Se a família se orientar para o ideal que estou a propor, torna-se uma família cheia de alegria e celebra comunitariamente esta alegria nos pequeninos e grandes acontecimentos que dão ritmo à sua história.
Quero contar com todos vós para dizer e testemunhar aos que não contam comigo que tenho uma novidade feliz para a família plural e atribulada deste tempo.”
Assim me expôs Deus o seu plano. A cada família Deus segreda uma conversão.

Pe. Carlos A. Moreira Azevedo
Vice-Reitor da UCP

Fonte Ecclesia

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