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À luz da Palavra
2002-10-06 11:28:13

“O Senhor preparará um banquete e enxugará todas as lágrimas”.

O nosso Deus é um Deus de promessa e de aliança. Sonha bens inefáveis e duradouros para os seus filhos e filhas, assim como qualquer bom pai e mãe o fazem para aqueles e aquelas que geraram. A promessa que Deus nos faz hoje continua em aberto. Vem-nos do tempo de Isaías, concretiza-se em Jesus Cristo e vai-se completando no decorrer dos tempos e das horas, para ter a sua plenitude na parusia, quando não houver, nem mais lágrimas, nem mais fome.


Mas quando será isto, Senhor? Talvez gostemos nós de perguntar. Actualmente há ainda tantas aflições e tantos doenças, tantas guerras e tantas violências, tanta gente enganada e maltratada, tantas bocas à espera do pão de cada dia, tanta miséria, tantas lágrimas e tantos gritos de dor!...

Contudo, a palavra deste domingo reforça as promessas do Senhor. Quer a 1ª leitura, quer a 3ª, nos falam, em parábolas, do grande banquete que o Pai nos prepara. É um banquete cheio de manjares suculentos e de vinhos deliciosos e puríssimos. Nele só haverá alegrias, porque o sofrimento acabou e as lágrimas secaram nos nossos olhos. Para este banquete todos estamos convidados. Os ricos e os pobres, os ateus, os indiferentes e os cristãos, os de alta condição social e as pessoas do “povo”, os letrados e os analfabetos. Os convidados vêm de todas as raças, culturas, cores e nações. São homens, mulheres, jovens e crianças. É um banquete universal e ecuménico.

Porém, este banquete não é só, nem em primeiro lugar, um banquete material e temporal, que, uma vez digerido, volta a deixar o estômago vazio e o coração triste. É, sobretudo um banquete espiritual, cuja ementa é a salvação que o Pai nos oferece em Jesus Cristo. E esta salvação é para ser vivida aqui e agora, no quotidiano das nossas existências, onde somos chamados a construir a sala do festim e a preparar os pratos suculentos, pelo nosso estilo de vida santa e agradável a Deus. Somos nós com Deus os protagonistas desse banquete sonhado pelo Pai, pelo empenhamento na edificação da justiça, da verdade, dos valores evangélicos, numa sociedade que teima em querer ser laica, marginalizado-se, assim, do projecto amoroso de Deus para nós. Somos nós que temos que construir o esboço desse banquete escatológico, no agora da nossa existência, dando de comer aos esfomeados de pão material e espiritual e limpando as lágrimas dos que choram sobre o nosso ombro, consolando-os com a mesma consolação que nós próprios recebemos de Deus.

Porém, até que chegue o festim definitivo e eterno, os cristãos e as cristãs têm que bradar ainda muitos gritos de dor e de contestação evangélica, a fim de interpelar os que se escusam a participar no banquete com mil e uma razões, todas elas mundanas e sem impacto no tecido da história da salvação. Com Paulo, podemos afirmar que, com Cristo, podemos tudo. Podemos reordenar o sentido da existência humana, a nossa e a dos outros, ainda que para isso nos seja preciso passar algumas aflições e necessidades, porque é Ele que nos impele e nos conforta.

Irmão e irmã, discípulo e discípula do Senhor, estás atento/a à vida e preparado/a para intervir cristãmente, sempre que a fidelidade a Cristo e à tua fé o exijam? Ou preferes acomodar-te e não seres incomodado/a pela luta constante a favor do banquete que também és chamado/a a preparar? Senhor, faz-me tomar parte, empenhadamente, no teu sonho para toda a humanidade, a quem ofereces a salvação no teu Filho e nosso Irmão Jesus Cristo.

Ámen.

Irmã Deolinda Serralheiro

Leituras do XXVIII Domingo Comum:
Is 25,6-10a; Sl 22 (23); Fl 4,12-14.19-20; Mt 22,1-14.



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