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Educação cristã dos Filhos - Desafio à Família
2002-10-01 22:01:04

Numa história intitulada O Lavrador e os seus Filhos, Jean de La Fontaine, dá-nos conta da recomendação paterna: “Guardai-vos - diz o lavrador - de vender o património deixado por vossos Pais. Vereis que esconde um tesouro.” Foi passando o tempo e o lavrador, pouco antes de morrer, com a sabedoria dos mais velhos, mostrou-lhes o segredo: “A educação é que encerra um tesouro”.

A história quase infantil de La Fontaine ilustra maravilhosamente o conteúdo desta breve reflexão - o mais valioso património que os pais podem legar aos filhos é a educação.
Na Semana Nacional da Educação Cristã, que ocorre de 6 a 13 de Outubro, somos convidados a confrontar-nos com o tema: Educação cristã dos Filhos - Desafio à Família. Coincidindo a sua data com a do Congresso Nacional da Família, iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, e o seu encerramento com a Peregrinação das Famílias a Fátima, acontecimentos comemorativos dos vinte anos da Familiaris Consortio, não poderia o tema ser mais sugestivo.
Participantes na obra criadora de Deus, marido e esposa, quando se unem diante do altar, pelo sacramento do matrimónio, são “consagrados para a educação propriamente cristã dos filhos” e “este dever educativo recebe do sacramento a dignidade e a vocação de um verdadeiro e próprio ‘ministério’ da Igreja”, bem como as graças e luzes necessárias para desempenhá-lo com seriedade e eficiência.
A fundamentar quanto fica afirmado, vale a pena recordar a palavra do Santo Padre: “Pela força do ministério da educação, os pais, mediante o testemunho de vida, são os primeiros arautos do Evangelho junto dos filhos. Mais ainda: rezando com os filhos, dedicando-se com eles à leitura da Palavra de Deus e inserindo-os na intimidade do Corpo - eucarístico e celesial - de Cristo, através da iniciação cristã, tornam-se plenamente pais, progenitores não só da vida carnal, mas também daquela que, mediante a renovação do Espírito, brota da Cruz e da ressurreição de Cristo.”
Este “direito-dever” educativo dos pais é essencial, original e primário, insubstituível e inalienável, como o sublinha o Papa João Paulo II, na Exortação Apostólica Familiaris Consortio. Do fiel exercício desta obrigação fundamental, depende o futuro da humanidade, porque “da família depende o futuro do homem”.
A família é o espaço privilegiado e adequado para o desabrochar e o crescimento da fé, iniciada no Baptismo; para a primeira experiência vivida da Igreja, onde aquele sacramento nos introduziu.
É na família que há-de ter lugar uma verdadeira iniciação da pastoral profética, habituando-se os pequeninos a construir critérios de comportamento, partindo de histórias e de palavras simples da Bíblia que as crianças são capazes de compreender e nunca mais esquecem.

A explicação dos sacramentos que vão ocorrendo na família, durante o crescimento dos filhos, a celebração das festas e dos aniversários, acompanhada da oração familiar habitual, tornada mais participativa e interessada com as intenções que espontaneamente cada um pode sugerir, preferentemente relacionada com símbolos religiosos facilmente identificáveis - um crucifixo, um quadro, uma imagem - é a melhor introdução no mistério da liturgia, que naquele clima de espiritualidade o Senhor revela aos simples. Também a participação habitual na Missa do Domingo na companhia dos pais é a forma mais prática de os filhos descobrirem a importância central da Eucaristia.
E os gestos infantis de solidariedade e de capacidade de perdão, suscitados pela oportuna sensibilização dos pais, diante dos problemas de justiça e de verdade, fazem da família “a primeira e fundamental escola da sociabilidade”, o lugar onde se aprende a viver a comunhão.

Infelizmente a realidade da maior parte dos nossos lares está ainda distante deste modo de proceder. São sempre em grande número os pais que se demitem desta responsabilidade, quer pelas ocupações que não deixam tempo para outros afazeres, quer por incúria ou até por um falso receio e pudor de atentar contra a liberdade religiosa dos filhos, quer mesmo por total falta de preparação e de vivência cristã. Mas a realidade não justifica o alheamento dos pais. Pelo contrário, torna mais premente a sua obrigação de encontrar os recursos que supram a deficiência, empenhando-os, afectiva e efectivamente na catequese que as comunidades paroquiais oferecem, e crescendo, com a fé dos filhos, em consciência e vivência cristãs.

Que esta Semana, no enquadramento dos dois grandes acontecimentos nacionais - o Congresso da Família e a Peregrinação a Fátima das Famílias Portuguesas - seja, sob a protecção da Rainha das Famílias, oportunidade de reflexão e compromisso renovador.
O património mais valioso é, sem dúvida, a educação. Leguemos essa herança preciosa aos vindouros.

Fátima, Setembro de 2002
Comissão Episcopal da Educação Cristã

Fonte Ecclesia

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