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Itinerário de formação cristã para o homem contemporâneo
2002-09-30 22:02:15

Há projectos eclesiais que se desenvolvem no dia-a-dia sem que, muitas vezes, saibamos verdadeiramente da sua existência. E no entanto eles multiplicam-se pelo mundo cristão de forma empenhada. Também na Diocese de Aveiro e até em algumas das nossas paróquias. Eles são Ordens e Institutos Religiosos, eles são Movimentos e Serviços, eles são Cáritas e Conferência de São Vicente de Paulo, eles são Irmandades e Misericórdias, eles são Grupos Bíblicos, Catequéticos e Corais, entre muitos outros. Hoje vamos à descoberta do CAMINHO NEOCATECUMENAL com o padre Virgílio Susana e Maia que trabalha no Seminário de Santa Joana Princesa.

O CAMINHO NEOCATECUMENAL, cujos estatutos foram recentemente aprovados pelo Papa, depois de um longo percurso de cerca de 40 anos, nasceu em Madrid, por iniciativa de um jovem pintor, Francisco (Kiko) Arguello, e de uma mulher, Carmen Hernanddez, licenciada em Química e em Teologia. Como objectivos primeiros, eles tiveram a preocupação de viver e de fazer viver, quantos a este projecto aderissem, um itinerário de formação cristã, alicerçado na descoberta da vocação baptismal. Kiko começou entre os pobres, nos bairros de lata madrilenos, onde passou a viver, com uma guitarra e com a Bíblia. Daí até hoje, o seu projecto de evangelização espalhou-se por 105 países, tendo atingido 5000 paróquias de cerca de 900 dioceses, com perto de 17 000 comunidades neocatecumenais. Também está na nossa Diocese, concretamente em Sangalhos, Águeda, Cacia, Salreu e Gafanha de Aquém.
Mas essa descoberta não se faz espontaneamente, pois tem por base um conjunto de catequeses, durante as quais os baptizados vão sentindo a necessidade de se envolverem nas diversas tarefas paroquiais, de acordo com os seus carismas. E assim vão alargando a sua influência junto de quem vivem, pelo testemunho, porém com metas de chegar mais longe.
O padre Virgílio, que pertence ao CAMINHO NEOCATECUMENAL desde que esta estrutura eclesial entrou na Diocese de Aveiro, em Águeda, por decisão do pároco de então, padre Manuel António Carvalhais, recordou ao Correio do Vouga os primeiros passos da sua caminhada, desde que, como jovem, viveu uma crise de fé até à sua adesão incondicional aos projectos de Jesus Cristo.
Logo nos primeiros encontros sentiu-se “agarrado” pela “síntese da fé” que lhe foi mostrada e que se traduz “no amor ao inimigo”. A característica fundamental do cristão “é ter o mesmo amor de Jesus Cristo e ser capaz de amar aquele que lhe faz mal, gratuitamente, como fruto do mesmo amor com que Cristo o ama a ele”, sublinhou o padre Virgílio. Em todos os encontros estava à espera de descobrir mais e melhor este anúncio e foi isso que o salvou e o iluminou, disse ao nosso jornal.

Nas pequenas comunidades, o homem tem NOME

As catequeses do CAMINHO NEOCATECUMENAL, em profunda comunhão com o pároco e com o bispo diocesano, estendem-se por dois meses e terminam com um convívio. Tocam a génese do ser cristão e desenvolvem-se como se os participantes não tivessem fé. Trata-se de uma caminhada que começa com os mais próximos da Igreja, mas alimenta a meta de chegar aos mais afastados.
O padre Virgílio não deixou de reconhecer que na Igreja Católica há uma pastoral mais voltada para o sacramental. Há uma caminhada que parte do baptismo e atinge a profissão de fé e o crisma, mas “torna-se necessário criar uma pastoral para chegar aos que estão dispersos, apoiada na realidade actual” disse.
Ora, o CAMINHO NEOCATECUMENAL pode dar uma ajuda importante, no sentido de levar os cristãos de tradição a descobrirem a urgência da “renovação das promessas baptismais”. É que, sublinhou, as catequeses têm mesmo de conduzir à mudança de vida, sendo certo que, “normalmente, os que estão dentro da Igreja têm mais dificuldades, convencidos que estão de que já atingiram a perfeição; há muitos cristãos, padres incluídos, que estão convictos de que não têm nada que converter”.
O itinerário catequético é festivo, com celebrações da Palavra, ao meio da semana, Eucaristia ao sábado e um convívio mensal, afinal “o tripé de suporte de toda a caminhada neocatecumenal”. Depois da proclamação pública da fé, há a integração de cada um nos vários serviços paroquiais, continuando, porém, a formação e intensificação da espiritualidade própria do CAMINHO NEOCATECUMENAL.
O padre Virgílio lembrou, entretanto, que o fundador, Kiko Arguello, não se cansa de proclamar a urgência de todos vivermos na simplicidade, na humildade e no amor, em que o “outro” é Cristo, “sendo estas verdades fundamentais a uma nova eclesiologia, a uma Igreja do futuro, de pequenas comunidades, onde se vá ao encontro do homem que vive na sociedade, anonimamente; nas pequenas comunidades, o homem tem NOME”.

Fernando Martins
In Correio do Vouga

Fonte Ecclesia

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