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Exposição de Crucifixos nas Escolas Italianas Gera Polémica
2002-09-25 14:38:33

O crucifixo "é um símbolo da nossa civilização e como tal deve ser exposto em todas as escolas". Este anúncio da ministra da Educação italiana, Letizia Moratti, feito esta semana, durante a abertura oficial do ano escolar caiu como mel na sopa da separatista Liga Norte, parceira na coligação de governo, que, no mesmo dia, defendeu a exposição de crucifixos em todos os espaços públicos, desde o Parlamento até aos tribunais, embaixadas, prisões, estações de transportes, hospitais ou aeroportos, sob pena de quem desobedecer, ou retirar o crucifixo, ser sancionado com uma pena de prisão até seis meses ou com o pagamento de uma multa de quinhentos a mil euros.

O anúncio do governo gerou o protesto da classe política laica e das comunidades judaica e muçulmana, mas a ministra refugiou-se no parecer do Conselho de Estado, de 1988, que não reconhece qualquer atropelo aos princípios constitucionais na exposição do símbolo cristão em lugares públicos. Daí que o governo se prepare para "disciplinar de modo claro a exposição de crucifixos nas salas de aula, como testemunho das profundas raízes cristãs do nosso país e da Europa".

A intenção do governo surge dias depois de João Paulo II - na homília de domingo passado, que o calendário liturgico assinala como dia da Exaltação da Cruz - ter incentivado os católicos, "num mundo em contínuo processo de secularização", a dirigirem "o olhar para esse sinal central da Revelação", e a distribuírem a cruz de Cristo pelas escolas e lugares públicos.

No Parlamento, os Verdes consideram esta medida "uma ofensa à laicidade do Estado, aos nãos crentes, aos que professam outras religiões e, mesmo aos católicos inteligentes". Também as comunidades religiosas estão preocupadas. Amos Luzzatto, responsável máximo da comunidade judaica, em Itália manifestou-se perplexo. "Nunca esquecerei o sentido de exclusão, de isolamento, e inferioridade que experimentava durante os anos trinta quando entrava na sala de aula, e via exposto o crucifixo. Quando uma maioria impõe os seus símbolos a uma minoria devemos preocupar-nos". O director do centro cultural islâmico de Roma, Mário Scialoja, afirma que o Parlamento e a maioria podem fazer o que entendem. "É-me indiferente. Nós, não nos podemos opor. Mas é uma escolha pouco lógica, contrária á Constituição, que não prevê uma religião de Estado". Na mesma linha se pronunciou o presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, que considera dificil impôr o crucifixo nas salas de aula porque "é um simbolo que detém um valor muito profundo e é preciso ter uma grande liberdade e capacidade para perceber o que ele representa para toda a sociedade".

Fonte Público

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