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Religião: é pecado fugir aos impostos
2002-09-15 12:49:09 Fugir ao impostos é pecado, disse o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, lamentando a cultura de fuga ao fisco que existe em Portugal.
"Nunca a Igreja Católica abençoaria tal cultura", afirmou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), em entrevista no programa "Grande Júri" da TSF, lembrando o que desde sempre defendeu a doutrina eclesial: "a política fiscal deve ser justa e equitativa, e é obrigação de todos."
Sem benção do cardeal fica também a eventual deslocação dos feriados a meio da semana para a segunda-feira, previsto no novo Código do Trabalho apresentado por Bagão Félix, Ministro do Trabalho e Segurança Social.
Referindo-se a um dos feriados religiosos mais importantes da Igreja Católica - a festa do Corpo de Deus celebrada à quinta-feira - disse, inclusive, não se importar de o ver suprimido, mas nunca transferido.
"Eu pessoalmente sou contra esse princípio". E explicou: "Isso significaria "matar em nome do economicismo a simbólica de uma sociedade." Quem acabar com esse feriado deve, por isso, assumí-lo diante da Nação, frisou, sublinhando que, nesse caso, então não deverão ser sacrificados apenas os feriados religiosos.
Segundo o cardeal, por decisão assumida na sexta-feira no conselho permanente da CEP, o novo Código do Trabalho vai ser objecto de estudo no seio das instituições católicas. "A Igreja tem abundante doutrina sobre o trabalho e por isso tem autoridade para debater o assunto", explicou D. José Policarpo.
Sobre a TVI, cujo capital já foi maioritariamente da Igreja, o prelado revelou que continua a receber cartas de católicos desiludidos com o projecto. Algumas, inclusive, queixam-se de que as verbas oferecidas na altura lhes estão agora a fazer falta. Confessou o bispo que, em dois ou três casos mais dramáticos, tomou a iniciativa de devolver o dinheiro do seu próprio bolso. "Talvez por culpa nossa, as pessoas entusiasmaram-se e contribuiram como se tratasse de uma caixa de esmolas", confessou.
D. José manifestou-se ainda contra um eventual ataque unilateral dos EUA contra o Iraque.
Fonte DN
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