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Cimeira de Religiões Pede Diálogo em Vez de Conflito
2002-09-13 18:49:37

"Nada está perdido com o diálogo" e também "não é o conflito que salva". Como uma luva, a cimeira inter-religiosa pela paz, promovida anualmente pela Comunidade de Santo Egídio, assenta as suas conclusões no actual momento da vida internacional e remete-a, indirectamente, para a política que está a ser seguida pelos Estados Unidos. O encontro decorreu em Palermo, na Sicília, dois anos depois de ter sido realizado em Lisboa.

É o diálogo, precisamente, que "cura em profundidade e liberta da patologia da memória, que abre ao futuro". O mundo inteiro precisa de aprender a arte do diálogo e da coabitação, diz o texto de conclusões. Não ignorando o que se passa desde há um ano - atentados de 11 de Setembro em Nova Iorque e em Washington, guerra na Palestina -, o texto admite e afirma: "Sabemos que alguns invocam o nome de Deus para justificar o ódio e a violência. Ainda mais solenemente que antes, afirmamos: as religiões não justificam nunca o ódio e a violência, o nome de Deus é paz. Ninguém o pode invocar para abençoar a sua própria guerra. Só a paz presta culto a Deus. O culto do ódio engendra a violência e humilha a esperança."

A todos quantos "matam e fazem a guerra em nome de Deus", o texto faz um apelo: "Parem! Não matem!" E aos que atiram para o lixo o homem e o planeta, pede: "Em nome de Deus, respeitem a criação e toda a criatura. As suas vidas são o vosso futuro e a nossa esperança."

O encontro, que decorreu durante a semana passada, e cujas conclusões estão agora disponíveis na Internet (www.santegidio.org), teve a participação de líderes católicos, protestantes e ortodoxos, mas também de outros credos além dos cristãos: judeus, muçulmanos, budistas e hindus. No próximo ano, a cimeira inter-religiosa pela paz deverá ser realizada em Nova Iorque. Uma forma de manifestar solidariedade à cidade vítima dos atentados de 11 de Setembro e de afirmar a vontade das religiões se manifestarem em conjunto comprometidas com a construção da paz.

No texto, os cerca de 400 líderes religiosos presentes manifestam também o seu pessimismo em relação a muitos aspectos da realidade: "Este novo século foi desde o início marcado pela violência" e é fácil ceder à tentação da violência e do confronto. Há, pelo mundo fora, "montanhas de sofrimento e de queixas por vezes silenciosas de milhões de pobres sem água, sem medicamentos, sem segurança, sem alimentação, sem liberdade, sem terra, sem os fundamentos dos direitos humanos".

Apesar desta crua realidade - cuja leitura coincide com pontos de vista expressos no fim-de-semana pelo Papa (ver texto abaixo) -, os participantes na cimeira inter-religiosa expressam o desejo de ultrapassar a desconfiança entre povos, religiões, culturas e blocos. "O mundo inteiro tem necessidade de esperança." E só o diálogo pode ultrapassar "a divisão e os conflitos".

Numa autêntica profissão de fé nas virtudes do diálogo, o "Apelo de paz" afirma: "O diálogo não deixa sem defesa, mas protege. Não enfraquece, mas reforça. Impulsiona toda a gente a ver o melhor do outro e a enraizar-se no melhor de si mesmo. O diálogo transforma o estrangeiro em amigo e liberta do demónio da violência."

Fonte Público

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