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Fé leva milhares à Senhora da Mó
2002-09-09 15:31:41

O bacalhau pode já não vir da Terra Nova. As batatas e o feijão verde podem não ter o sabor de antigamente. E a devoção à Senhora da Mó, em Arouca, pode já não ser a mesma. Mas há um aspecto, na ceia que precede o dia da festa, todos os anos, a 8 de Setembro, que se mantém: as mulheres não entram.


A ceia, à base de bacalhau cozido, com batatas e feijão verde, tudo temperado com azeite do lavrador e regado com o "verdasco" da região, continua a ser confeccionada, servida e comida só por homens.
A tradição, que levou à construção de uma casa, ao lado da capela, que ainda é conhecida pela "casa da ceia", remonta aos princípios do século passado. E, no início, era aberta apenas a mordomos, familiares e amigos. Geralmente, gente endinheirada.
Era o tempo em que havia duas ceias: a dos notáveis, de acesso restrito, que servia para custear os festejos; e a dos pobres, romeiros incluídos, aos quais era facultada também uma refeição de bacalhau.
Com a democratização da sociedade e a melhoria das condições de vida, no pós-guerra, a refeição-convívio foi ganhando novos aderentes, mas as mulheres continuaram de fora.
"Era o tempo em que os homens achavam que as mulheres eram para estar em casa e não tinham direito a voto", recorda Cândido Brandão, da Associação de Melhoramentos da Senhora da Mó. A discriminação mantém-se, hoje, com outra justificação:"Não temos condições
nem espaço para receber as senhoras com dignidade e conforto". Este ano, a bacalhoada reuniu 110 convivas e houve inscrições recusadas."
Do presidente da Câmara ao engraxador da praça, pagaram todos 22,5 euros, "para ajudar à festa e apoiar as obras".
Enquanto cá fora, espalhadas pelo monte, milhares de pessoas, reunidas em família ou em grupos de amigos, comiam o farnel que levaram de casa.

Fonte JN

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