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À PROCURA DA PALAVRA: DOMINGO XXIII DO TEMPO COMUM
2002-09-08 11:15:21

“Não devais a ninguém coisa alguma,
a não ser o amor de uns para com os outros.”
Rom 13, 8

A economia da verdade

No decorrer da Cimeira da Terra, em Joanesburgo, o Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, pediu aos países que apliquem “políticas corajosas e parem de ser economicamente defensivos”. A promoção do desenvolvimento é uma tarefa de que somos responsáveis para um mundo mais pacífico. Ultrapassando preconceitos e dualismos fáceis porque o coração humano “é às riscas” (como bem dizia uma criança)! Por isso a economia não é um mero processo de gerar riqueza mas de construir a felicidade. Sempre achei curiosa a raíz da palavra “economia” (do grego oikos + nomía, que significa “o (bom) governo da casa”). E tantas vezes é deturpada no sentido de significar o enriquecimento de uns à custa de outros!


É nas dificuldades que melhor se revelam as pessoas. Aí se descobrem os amigos verdadeiros e os falsos, aqueles que privilegiam o crescimento comum e aqueles que “só pensam em si”. É estranho o coração humano, capaz de abrigar os grandes sentimentos e a baixeza de tantos gestos! Como será a consciência de quem não olha a meios para atingir os seus fins egoístas? E como conjugar isso com a fé, com os sinais religiosos, com os discursos moralistas e edificantes?

Mas a esperança não adormece e não desilude. Quem se coloca do lado do risco, da ousadia de sonhar e de estimular o que de melhor há em cada um, quem não cruza os braços na luta diária por aquilo em que acredita, poderá não ver tudo realizado mas não se zangará com a vida. Hão-de brilhar os seus olhos com o gosto de fazer novas as coisas, e as suas palavras trarão a frescura das fontes. Corrigirá o que erra e não deixará de o amar, ainda que ele não mude. Como Jesus ensina a fazer com serenidade e paciência.

O que se faz ao “pequeno nível” da vida de cada um, de cada família, de cada comunidade e de cada país, não terá o seu impacto mais alargado? A verdade que procuramos, as escolhas e os valores que nos movem apontam para o único projecto de amor de Jesus? Como praticamos a “economia de comunhão” que vence os individualismos? Não creio que baste apenas estarmos muito preocupados com os desequilíbrios económicos, com os atentados ao ambiente, com o terrorismo e os fundamentalismos. É preciso que muitos façamos algo. E como nos tempos difíceis a verdade vem ao de cima, a única verdade pela qual vale a pena lutar é o amor!

P. Vítor Gonçalves


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