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Peregrinação: um até sempre a Karol Wojtyla
2002-08-17 13:24:58

Pela oitava vez João Paulo II visita a terra das suas raízes, e num momento em que o país se prepara para enfrentar novos desafios políticos. Embora diferentes dos que pairavam à época das suas primeiras quatro viagens - 1979, 1983, 1987 e 1991.

Karol Wojtyla volta à Polónia três anos depois de o país ter entrado na NATO, e quando a única prioridade nacional é a entrada na União Europeia (UE).
Daí que não sejam, certamente, coincidência as declarações ontem proferidas pelo Presidente polaco, Aleksander Kwasniewski, que exteriorizou de forma bem clara as suas expectativas relativamente à visita papal. "Eu penso que iremos ouvir as suas importantes palavras, que certamente guiarão a sorte dos polacos nos anos vindouros", disse. Nos discursos e homilias que entre hoje e manhã irá proferir, é certo que o Papa sublinhará a importância de a UE passar de 15 para 25 membros, incluindo, claro, a Polónia, já em 2004. Não obstante as críticas recentes à Carta Europeia dos Direitos Fundamentais aprovada em Nice (em 2000) - por esta não fazer qualquer referência às raízes cristãs da Europa - e à Convenção aprovada em Laeken, Bélgica (em 2001) - por excluir os grupos religiosos -, João Paulo II acredita e propaga os valores democráticos que arquitectam todo o espaço comunitário. E tem apelado para que a UE se alargue.
As autoridades polacas acolhem de braços abertos Karol Wojtyla, não só porque se trata de um dos seus compatriotas mais prestigiados mas sobretudo porque, com ele, a imagem do país exterioriza-se ao mundo. E, neste momento, é importante mostrar uma nação unida e apoiada.
Apoiada pelo Vaticano, o que terá sempre algum peso. A Igreja Católica é o garante da unidade nacional, critério que os parceiros relevam no momento de avaliar um candidato à adesão. As divisões religiosas na Turquia, por exemplo, poderão dificultar a sua entrada na UE.
João Paulo II volta à Polónia para, mais uma vez, influenciar o percurso da história. As autoridades precisam e querem aproveitar ao máximo desse apoio. Para além de política, esta viagem significa também um regresso ao passado, às raízes. O Papa andará única e exclusivamente por Cracóvia e arredores.
Nasceu a 50 quilómetros daquela cidade, em Wadowice, há 82 anos, onde fez estudos filosóficos e foi ordenado padre, clandestinamente. Ali passou, em 1940, o horror das bombas alemãs. Amanhã, desloca-se ao cemitério de Rakowice onde rezará junto do túmulo de seus pais. O povo polaco está sensibilizado com esta visita. Alguns consideram mesmo que poderá significar um "até sempre" - às memórias, ao país, às raízes. Muitos católicos, dos cinco milhões esperados este fim de semana em Cracóvia, acreditam ser a última vez que estão com o "seu" Papa. Corre, no entanto, o rumor de que João Paulo II poderá aproveitar esta viagem para renunciar ao cargo, retirando-se para o Mosteiro de Czerna, local que visitava na sua juventude. Há muito tempo que este comentário ecoa pelos corredores da Santa Sé. Tudo pode acontecer. Oficialmente, diz-se que a vontade de Karol Wojtyla seria a de viajar até às Filipinas em Janeiro.
Certo é que na quinta-feira foi visto em Roma a andar sem ser ajudado, bem-disposto, parecendo não ter qualquer problema nem de Parkinson nem de artrite no joelho. Ontem, chegou a Cracóvia e desceu do avião sem ser amparado, tendo sido recebido pelo Presidente Aleksander Kwasniewski e o cardeal Franciszek Macharski, arcebispo da diocese e com grande emoção pelo povo. João Paulo II está em casa e visivelmente feliz.
Talvez por isso as suas primeiras palavras tenham sido de apelo à coragem. "Polónia, deixa de ter medo!", disse João Paulo II no aeroporto de Cracóvia, passava pouco das 18 horas de Lisboa. O Papa pediu aos polacos que sejam solidários com os mais necessitados e os marginalizados em consequência do difícil processo de transformações na Polónia.

Fonte DN

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