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Fátima: emigrantes ainda sofrem
2002-08-13 12:35:27

O santuário ainda estava vazio ontem à tarde. O calor que se concentrava entre os edifícios e se soltava do pavimento obrigava as pessoas a procurar a sombra que ladeia o espaço religioso. Alguns aguardavam a hora de Vésperas para rumar em direcção à Capelinha das Aparições e à Basílica.

São esperados entre 150 e 200 mil peregrinos, número habitual nas celebrações de Agosto.

Muitos ouviram o bispo de Angra do Heroísmo, D. António Sousa Braga, que fez "a memória de toda a emigração portuguesa", incluindo "toda a diáspora das ilhas", para se referir em particular aos "nossos compatriotas da África do Sul, tão duramente provados". O bispo dirigiu, igualmente, o pensamento dos concelebrantes para "os repatriados dos Açores, quase estrangeiros na sua pátria de origem".

"Não podemos esquecer, também, os trabalhadores ilegais açorianos detidos há pouco nos Estados Unidos". D. António aludiu às condições especiais dessas detenções, frisando que "são mesmo prisioneiros" e pensa que "no momento presente não é nada meigo cair nas malhas da justiça americana, dominada pelo síndroma dos atentados terroristas".

Numa homilia centrada nos problemas dos povos migrantes, o bispo apelou para que os portugueses "criem condições de integração aos que nos procuram para dar um salto na vida, como fizémos e ainda fazemos".

D. Januário Torgal, presidente da Comissão Episcopal das Migrações, sublinhou ao DN que se há qualquer instituição ao largo do mundo que apoia os emigrantes é a Igreja Católica.

Nesse sentido, pronunciou-se o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, que afirmou, à entrada para um encontro de emigrantes que decorreu em Fátima, estar ali para, "em nome do Governo, testemunhar o apoio da Igreja a esses portugueses".

O governante reconhece que os emigrantes enfrentam problemas, "como o do isolamento" e urge "encontrar forma de ultrapassá-los". "Presentemente", assinalou José Cesário, "há que acompanhar as especificidades das comunidades a residir em diversas partes do mundo", assim como "os problemas das diferentes gerações de emigrantes".

O encontro em Fátima serviu para as "pessoas falarem dos seus problemas, as possibilidades de regresso, assim como a falta de escola para os filhos e a assistência na saúde", explicou aos jornalista D. Januário Torgal.

O bispo lamentou, no entanto, que "a organização de férias nem sempre permita a presença de todos os emigrantes no Santuário nos dias 12 e 13", dizendo-se "convencido de que o farão ao longo do mês". E para discutir os problemas da emigração anunciou a realização de um encontro, perto de Zurique, em Outubro.

Fonte DN

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