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Fortaleza chora portugueses
2002-08-13 12:33:38

Os seis portugueses assassinados há um ano em Fortaleza foram lembrados numa missa campal em frente do bar Vela Latina, no domingo à noite. Os participantes não chegaram à centena e vieram, sobretudo, das imediações.

Durante a cerimónia religiosa, presidida pelo padre Fernando, da paróquia S. Sebastião, as pessoas choravam e abanavam com a cabeça, em sinal de reprovação e incredulidade. "Como é possível, não consigo deixar de pensar nisso", comenta Luduina Silva. António Fernandes, um dos poucos homens presentes, critica os advogados de defesa que são capazes de tudo, "mesmo sabendo que estão a defender um criminoso". E sentencia: "Quer reduzir a pena, ele devia era ter apanhado mais anos, devia morrer dentro da prisão". A mulher, Maria de Sousa, contraria: "Não sei, como o Brasil é... qualquer dia está cá fora". Outros defendem que ainda "é morto, porque nem dentro da prisão gostam dele".

Todos são unânimes em dizer que o crime não afectou a "boa" imagem que têm dos portugueses: "Não foi só ele (Luís Militão) que matou, estavam lá os outros e não houve um que o contrariasse", lembra Maria de Fátima.

A missa, realizada no Dia do Pai no Brasil, começou por ser anunciada como sendo organizada pelo cônsul português Francisco Brandão. "Não tomámos nenhuma iniciativa em relação à tragédia, não faria sentido", apressou-se a desmentir. Acabou por ser a dona do bar, Adelina Barros, a promover o evento. Mas o gesto de Adelina não tem apenas razões beneméritas. É que, desde o crime, ficou sem ganha pão - o dinheiro do aluguer do bar. Agora, não consegue vender ou arrendar o espaço.

"Isto aqui perdeu muito, até as barracas do lado fazem muito menos negócio. Ao princípio, tínhamos medo de dizer que vivíamos ao pé da Vela Latina. Deviam pensar que éramos assassinos", diz Lúcia Fernandes, concluindo: "Ela vive aqui com a filhinha para não ocuparem a casa. Dizem que vão fazer um monumento. Só se for o Governo português, pois cá ninguém faz nada."

O padre Fernando, com uma celebração religiosa na linha da do padre Marcelo Rossi, aceitou celebrar a missa de graça. No fim, vendeu os dois cd's que editou.

Fonte DN

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