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"Papa" Edir está em Portugal
2002-08-10 22:28:00 Depois dos conflitos em que esteve envolvida um pouco por todo o País, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) resolveu sair da penumbra silenciosa a que se submeteu nos últimos anos.
Este fim-de-semana os fiéis recebem o seu "papa". O bispo Edir Macedo vai estar amanhã em Lisboa, no Pavilhão Atlântico, seguindo depois para o Pavilhão Rosa Mota, no Porto, numa maratona de um só dia para demonstrar que a Igreja tem um líder.
Arredada da comunicação social desde há algum tempo, "para não criar mais anticorpos" - disse uma fonte ao DN - a IURD está a usar as mesmas estratégias já de eficácia provada pelo Papa João Paulo II: megaeventos dirigidos a multidões para atrair as atenções da sociedade.
E é exactamente isso que se espera que aconteça amanhã, embora ninguém arrisque avançar com uma estimativa de quantas pessoas poderão estar presentes.
Aliás, "nunca a Igreja gostou de publicitar números", explicou ao DN Donizete Rodrigues, um sociólogo que há vários anos estuda a IURD. É uma questão de estratégia. Conforme adiantou, o modo de mostrar a força e o vigor passa geralmente pela publicação de fotografias e vídeos com multidões em estádios e em pavilhões.
Neste momento, é ainda mais difícil saber ao certo quantos membros permanecem fiéis à IURD. O gabinete de imprensa, com uma dinâmica invejável há uns anos, hoje praticamente não funciona. Donizete Rodrigues explicou ao DN que Edir Macedo não gosta que os mediatismos pessoais se sobreponham ao nome da Igreja. O ex-porta-voz da IURD em Portugal, bispo João Luís, quebrou essas regras pelo que foi imediatemente retirado.
E depois dos conflitos com entidades públicas e populações, devido à compra de armazéns não licenciados para o culto, a IURD optou pela discrição.
Para isso também contribuíram as outras igrejas de cariz pentecostal, recusando, por exemplo, a sua adesão à Aliança Evangélica Portugesa. Esta instituição discordou do modo como a IURD valoriza o dinheiro. O mesmo fizeram as suas congéneres de Inglaterra e do Brasil.
O Estado português contribuiu para o seu isolamento com a nova lei de liberdade religiosa. O diploma prevê o estatuto de comunidade religiosa apenas para confissões instaladas no País há mais de 30 anos. À IURD restou-lhe o estatuto de associação.
Por outro lado, as autarquias apertaram a vigilância aos armazéns onde se praticava o culto. Neste contexto, de alguma rejeição, a igreja de Edir Macedo optou por abandonar as luzes dos holofotes.
Mas a estratégia parece ser a mesma em todo o mundo. Agora, as luzes apenas se dirigem para Edir Macedo, quando aparece - o que é raro. Ele é o "papa". As cautelas nem por isso têm sido prejudiciais. "A IURD é o maior movimento religioso pentecostal do mundo, com 500 milhões de membros espalhados pelos quatro cantos do planeta", disse Donizete Rodrigues.
Fonte DN
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