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Resultados provisórios do Recenseamento da Prática Dominical
2002-07-23 21:48:36

Por iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, realizou-se, em todo o território português, uma operação de contagem do número de pessoas com 7 ou mais anos de idade que estiveram presentes nas celebrações dominicais do Domingo dia 11 de Março de 2001, incluindo as feitas na véspera.

Este recenseamento fez-se tanto nas celebrações eucarísticas (Missas), como nas Celebrações da Palavra ( por vezes também designadas por Assembleias Dominicais na Ausência de Presbítero) que, em vários locais, foram uma forma de os cristãos celebrarem comunitariamente aquele Domingo, em virtude de não haver um padre disponível para presidir à celebração da Eucaristia. O recenseamento permitiu contar o número de pessoas presentes, assim como o número de pessoas que comungaram em cada celebração, segundo o sexo e o grupo etário. Operações semelhantes foram feitas, sensivelmente na mesma altura do ano, em 1977 e 1991.

Enquanto se aguarda a publicação, pelo Instituto Nacional de Estatística, dos resultados definitivos do último Recenseamento Geral da População portuguesa, feito igualmente em Março de 2001, sem o que não é possível concluir o apuramento dos resultados definitivos do Recenseamento da Prática Dominical, muitas Dioceses já foram dando notícia dos resultados que foi possível apurar, até agora, do Recenseamento da Prática Dominical de 2001, nas respectivas áreas, e promoveram diversas acções em ordem à divulgação e análise desses resultados.
O apuramento dos resultados do Recenseamento da Prática Dominical de 2001, e da sua comparação com os recenseamentos similares de 1977 e 1991, respeitantes ao conjunto do país, foi entregue ao Centro de Estudos Sociais e Pastorais da Universidade Católica Portuguesa. Da sua última versão, ainda com o estatuto de resultados provisórios, é possível extrair as conclusões que a seguir se apresentam.

O número de praticantes, isto é, de pessoas que estavam presentes e foram recenseadas nos locais e nas celebrações dominicais em que se fez o referido recenseamento, tem vindo a diminuir desde 1977: no intervalo de 14 anos entre 1977 e 1991, registou-se uma diminuição de cerca de 197.000 praticantes, correspondente a -8%; entre 1991 e 2001, houve uma diminuição de cerca de 310.000 praticantes, ou seja, -14%. Isto é, entre 1977 e 2001, observa-se uma quebra de cerca de 507.000 praticantes dominicais (-21%) e verifica-se que a diminuição de praticantes se intensificou no decurso do período observado.
Entre 1991 e 2001, a baixa do número de praticantes deu-se em quase todas as Dioceses do país, excepto nas do Sul do Continente (Algarve, Beja, Évora e Setúbal).

Os praticantes são maioritariamente do sexo feminino, e essa característica acentuou-se ligeiramente entre 1977 e 2001, tendo passado de 61 para 64% de mulheres; ou seja, a evolução do número de praticantes de cada sexo, ao longo dos três recenseamentos, caracteriza-se por uma quebra mais pronunciada dos homens.

A composição etária dos praticantes sofreu uma alteração significativa no período observado, no sentido de um nítido envelhecimento, de uma forma mais acentuada do que o que acontece na população portuguesa. Isto é, verificou-se, ao longo do período observado, um decréscimo acentuado de praticantes das duas primeiras classes etárias (7-14 e 15-24 anos), e um forte crescimento do número de praticantes com mais de 54 anos de idade. As classes etárias intermédias (25-39 e 40-54 anos) apresentaram um decréscimo moderado. Em 2001, a classe etária com menor número de praticantes foi a dos 15-24 anos, enquanto nos recenseamentos anteriores tinha sido a dos 25-39 anos.

Os quadros seguintes ilustram a mudança registada quanto à composição dos praticantes por grupos etários, nos três recenseamentos realizados.

Q.1. Distribuição percentual dos praticantes por idades







Q.2. Índice do número de praticantes de cada classe etária. Base:1977=100






Verificou-se que a quebra do número de praticantes jovens (15-24 anos) foi, em termos relativos, maior nas raparigas do que nos rapazes.
É claro que a descida do número de praticantes dos dois primeiros grupos etários reflecte a quebra do número de adolescentes e jovens que tem acontecido na população portuguesa, mas ultrapassa-a. Assim, de acordo com as informações disponíveis, o número de crianças até aos 14 anos de idade sofreu, em Portugal, uma quebra de 16%, entre 1991 e 2001, e o número de jovens dos 15 aos 24 anos uma descida de 8%, no mesmo período; no que respeita aos praticantes, registou-se uma diminuição de 34% nos 7-14 anos e de 36% nos 15-24 anos, na mesma década.

Em consequência das mudanças assinaladas, a distribuição dos praticantes pelas classes definidas pelo cruzamento das variáveis sexo e idade alterou-se significativamente entre 1977 e 2001, como se vê no quadro seguinte, conjugando-se os efeitos da feminização e do envelhecimento dos praticantes. Assim, as mulheres com 40 e mais anos de idade que, em 1977, eram 27.4% dos praticantes, passaram a constituir 40% dos praticantes recenseados em 2001.

Q.3. Distribuição percentual dos praticantes por sexos e idades






O número de comungantes (praticantes que manifestaram a intenção de comungar na celebração em que foram recenseados) desceu ligeiramente (-6%) em 2001, relativamente ao recenseamento de 1991. Entre 1977 e 1991, fora registado um grande acréscimo do número de comungantes, na ordem dos 58%.

Os comungantes têm sido, numa grande maioria, na ordem dos 70%, mulheres. No entanto, entre 1991 e 2001, o aumento relativo do número dos comungantes homens foi superior ao das mulheres.
Verifica-se que o número de comungantes das duas primeiras classes etárias desceu em 2001, em relação a 1991, ao passo que em todas as outras classes de idade se registou um aumento, especialmente forte nos mais idosos.

Não obstante a descida do número de comungantes de 2001 em relação a 1991, a percentagem de comungantes no total dos praticantes subiu entre 1991 e 2001, se bem que menos do que entre 1977 e 1991, conforme o quadro a seguir.

Q.4. Percentagem de comungantes no total de praticantes






A percentagem de comungantes em relação aos praticantes foi, nos dois últimos Recenseamentos da Prática Dominical, maior nas mulheres do que nos homens, tendo atingido 47% em 1991 e 58% em 2001; o aumento da percentagem de comungantes nos homens foi, em termos relativos, superior à das mulheres. No recenseamento de 1977 não foi recolhida informação sobre o sexo e a idade dos comungantes.

A percentagem de comungantes foi menor nos grupos etários intermédios, dos 25 aos 54 anos, do que nas outras classes de idade. Comparando os valores dessa percentagem nos dois últimos recenseamentos, verifica-se que ela aumentou, de 1991 para 2001, em todos os grupos de idade, mas mais nos três primeiros, em especial na classe dos 15-24 anos, e nos homens dos 15-24 e dos 25-39 anos, conforme o quadro seguinte.

Q.5. Percentagem de comungantes nos praticantes, por sexos e idades, em 1991 e 2001






Quanto ao número de locais de culto e de celebrações em que se realizaram os recenseamentos, apurou-se que, entre 1991 e 2001, diminuiu o número de lugares de culto (cerca de menos 1.000) e de celebrações eucarísticas (cerca de menos 1.400), ao contrário do que sucedera entre 1977 e 1991, conforme o quadro seguinte.

Q.6. Número de lugares de culto, de Celebrações Eucarísticas e de Celebrações da Palavra sem Padre






Como o Quadro 6 ilustra, as Celebrações da Palavra sem Padre são uma forma de prática dominical muito pouco difundida no país, correspondendo a apenas 1,5% do total das celebrações dominicais onde se fez o Recenseamento da Prática Dominical em 2001.
O número médio de praticantes por lugar de culto e por celebração tem vindo a diminuir ao longo dos recenseamentos realizados, atingindo, em 2001, os valores de 273 praticantes por lugar de culto e 181 praticantes por celebração.

Manuel Luís Marinho Antunes
Centro de Estudos Sociais e Pastorais

Fonte Ecclesia

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