paroquias.org
 

Notícias






Recenseamento e pastoral paroquial
2002-07-24 21:47:24

O Conselho Pastoral da paróquia de S. José, em Coimbra, aproveitou a realização do Recenseamento à Prática Dominical de Março de 2001, para obter mais alguns dados além dos mínimos oficiais. Assim, lançou um inquérito que decorreu de forma paralela, para saber, por exemplo, a zona de residência (em cada uma das áreas em que de subdivide a Paróquia ou fora da Paróquia) ou o nível de escolaridade.


Uma primeira leitura dos resultados veio revelar que se mantém o número de participantes, em relação ao Recenseamento de 1977, o que à primeira vista, parece consolador. Acontece, porém, que a Paróquia, em 1977, tinha 7 500 fogos, número que em 2001, deveria ultrapassar os 15 000 fogos. Ou seja, a população duplicou nestes vinte e quatro anos, atingindo cerca de 40 000 habitantes e a presença nas missas dominicais se fixou (desceu para) nos 10%. Em contrapartida, o número de percentagem de comungantes passou de 1 208 para 1 880.

Por idades dos participantes, encontrámos números interessantes: 308, dos 7 aos 14 anos (das 800 crianças que frequentam a catequese!); 389, dos 15 aos 24 (mais do que quando estão dependentes dos pais); 455, dos 25 aos 39 (a idade em que trazem os filhos à catequese); 601, dos 40 aos 54; 863, dos 55 aos 69; 668, com mais de 70 anos.

Se é verdade que dos 25 aos 39 o número de participantes não é muito grande, é preciso ter em conta que não é gente de costas voltadas à Igreja, uma vez que é a idade em que os filhos andam na catequese e têm o cuidado de os trazer (a Paróquia tem mais de 800 crianças na catequese, com grupos todos os dias da semana). A idade madura, a partir dos 55 anos é realmente a que está mais ligada à Igreja. Duas razões foram apontadas: maior força da tradição familiar e mais tempo disponível.
A mobilidade é fenómeno marcante na sociedade dos nossos dias, o que é particularmente significativo numa Paróquia como a de S. José. Daí o grande número de pessoas que vão passar o fim de semana às terras de origem e o facto constatado de que as pessoas procuram os horários, locais e celebrações que mais lhes convém ou mais lhes agradam. Atente-se que é de 12,8% o número de participantes nas missas dominicais que não reside na paróquia.
Um outro dado importante veio revelar o inquérito: a missa não é mais simples rotina de ignorantes, de “gente simples” ou sem formação escolar. Sem estudos aparecem apenas 4,8% dos participantes, ao passo que com curso superior a percentagem global é de 33,24%. Mais ainda: na missa das 19,00h de Domingo, a percentagem de pessoas com curso superior foi de quase 50% (46,90%), com uma percentagem assinalável e maioritária de jovens.
A leitura destes resultados levou o Conselho Pastoral, antes de mais, a dar graças a Deus pelo número e qualidade dos participantes nas missas dominicais. Concluiu que já não é a rotina, já não é o medo do inferno, nem o “domingo sem missa não é domingo para mim”, que motivam as pessoas. Um especialista de sociologia religiosa explicava há tempos: “Quando eu era pequeno, no sábado à noite, o meu pai dizia: «Amanhã vamos à missa das 10h, a Santa Cruz». Estava dito. Ninguém ousava discordar. E todos iam. Agora, ao sábado à noite, digo aos meus filhos: «Amanhã, os pais vão à missa das 10h a Santa Cruz. Quem quer acompanhar? A mãe pergunta quem almoça em casa?». Cada filho dá a sua desculpa e vai se quer, onde quer e quando quer.”
Menos participantes, sim, sem dúvida. Mas mais conscientes. Vão os que querem, quando e onde querem.
Daí conclui o Conselho Pastoral: É preciso despertar o “apetite”, dar motivações às pessoas. Com celebrações mais vivas e participadas. Com maior atenção aos cânticos, suportados por um bom coro, mas ensaiados e cantados por toda a assembleia.
Maior atenção à especificidade da comunidade celebrante: Orações dos fiéis preparadas para cada domingo, sem ficar amarrados aos livros, que são forçosamente genéricos. E pedem aos padres homilias dirigidas para as pessoas presentes, inseridas na sociedade real, apontando propostas do Evangelho para as situações vividas pelos presentes. E sobretudo, dar relevo à presença de Jesus Cristo, aquele que nos diz: «Não tenhais medo. Eu estarei sempre convosco».
É Ele a razão da nossa esperança.

P. João Castelhano
Pároco de S. José, Coimbra


Fonte Ecclesia

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia