paroquias.org
 

Notícias






Sacerdotisas excomungadas
2002-07-22 14:12:53

Sete mulheres poderão ser, já amanhã, excomungadas pelo Vaticano depois de ter sido ordenadas sacerdotes por um padre expulso da Igreja Católica nos anos setenta que agora se diz bispo.


Ou se arrependem e pedem perdão pelo escândalo causado aos católicos ou, então, recebem mesmo a pena máxima prevista no Código de Direito Canónico, ameaçou o cardeal Joseph Ratzinger, prefeito para a Congregação para a Doutrina da Fé.

A cerimónia de ordenação das sete mulheres realizou-se na Alemanha, a 29 de Junho, presidida pelo argentino Rómulo António Braschi, de 61 anos. Elas são quase todas teólogas, doutoradas, de origem alemã, austríaca e americana; ele é um padre que, após ter sido excomungado, fundou uma comunidade denominada "Igreja Católica Apostólica Carismática de Jesus Rei".

O ritual foi participado por cerca de 300 pessoas, a bordo de um barco aportado no rio Danúbio, perto de Passau, no Sul da Alemanha. Concelebraram com Rómulo Braschi dois outros prelados cismáticos - um austríaco e um checo. Uma das mulheres é membro de uma ordem monástica católica.

Rómulo Braschi garante que foi ordenado bispo por outros bispos, igualmente excomungados, nomeadamente Roberto Garrido Padim e Hilarios Ungerer, membros da chamada "Igreja Católica Livre", e sempre se apresenta como arcebispo de Munique, Buenos Aires e Salvador da Baía.

Tratando-se de ordenações de teólogas, naturalmente que as atenções de Joseph Ratzinger redobraram. Já no passado, o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé havia proibido o suiço Hans Kung de leccionar em escolas católicas depois de ter defendido teses contrárias às da teologia tradicional. Ao belga Jacques Dupuis mandou que refizesse o seu pensamento sobre o pluralismo religioso na doutrina da salvação. O mesmo exigiu, recentemente, ao teólogo espanhol Marciano Vidal, depois de este ter escrito coisas pouco "ortodoxas", nomeadamente sobre a homossexualidade e masturbação.

Não há notícias de que aquelas mulheres tenham algum prestígio docente. No entanto, Joseph Razinger é conhecido por logo "cortar o mal" pela raiz.

A 10 de Junho, através de um "Monotium" (advertência canónica oficial), assinado pelo cardeal, a Congregação para a Doutrina da Fé indentificou todas as mulheres envolvidas: Christine Mayr-Lumetzberger, Adelinde Theresia Roitinger, Gisela Forster, Iris Muller, Ida Raming, Pia Brunner e Angela White.

No seguimento, "com o objectivo de orientar a consciência dos fiéis e dissipar dúvidas sobre a matéria", é referido o que já o Papa escrevera em 1994 na carta apostólica Ordinatio sacerdotalis: a Igreja "não tem de modo algum a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal a mulheres" sublinhando-se que "este ditame deve ser considerado como definitivo por todos os fiéis".

Esclarecida a doutrina oficial sobre o assunto, Joseph Ratzinger considera que a ordenação presidida por Rómulo Braschi não passou de uma simulação de um sacramento e, como tal, é inválida e nula, frisando que constitui um delito contra a constituição divina da Igreja. Adianta ainda que o auto-intitulado bispo pertence a comunidade cismática, pelo que se trata, igualmente, de "uma grave ofensa contra a unidade eclesial".

Encontrando-se já fora da Igreja, o Vaticano nada pode fazer contra ele. Elas, no entanto, continuam com o seu registo de baptismo e, neste sentido, são as únicas destinatárias da admoestação.

Lê-se no documento: "As mulheres acima mencionadas incorrerão em excomunhão reservada à Santa Sé se até 22 de Julho não reconhecerem a formalidade das ordens e se não se declararem

arrependidas, pedindo perdão pelo escândalo causado entre os fiéis."

A advertência está feita e a excomunhão deverá ser mesmo aplicada. Não há notícia de qualquer arrependimento, tanto mais que, mesmo antes da ordenação, foram avisadas das possíveis represálias do Vaticano. O assunto promete ser polémico.

LEIS. A Igreja Católica tem o seu corpo de leis, chamado de Código de Direito Canónico (CDC), onde estão inscritas as normas a que devem estar submetidos todos os baptizados - clérigos e leigos - e instituições eclesiais. Existem dois CDC: um para as igrejas do ocidente e outro para as orientais. Esta divisão deve-se à especificidade cultural de cada uma delas, nomeadamente o facto de a Oriente os clérigos poderem casar.

PENAS. Quem desobedece às normas da Igreja sujeita-se a várias penas, sendo que a mais grave é a excomunhão. Segundo o cânone 1436, "quem nega alguma verdade que se deve crer por fé divina, ou a põe em dúvida, ou repudia completamente a fé cristã, e tendo sido legitimamente admoestado não se arrepende, deve ser castigado, como herege ou apóstata, com excomunhão maior.

PECADOS. Os padres podem ser excomungados se, durante o acto da confissão, absolverem um cúmplice de um pecado cometido contra o sexto mandamento, ou seja, contra a castidade. Entre os actos mais graves, segundo o Catecismo da Igreja Católica, estão a masturbação, a fornicação, a pornografia, as práticas homossexuais e o adultério. A absolvição só será válida se o penitente se encontrar em perigo de morte.

CISMA. Monsenhor Lefebvre ordenou cinco bispos a 30 de Junho de 1998, depois de se ter separado da Igreja Católica. Todos foram declarados excomungados, a 2 de Julho, por "Motu Próprio" de João Paulo II.


Fonte DN

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia