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Papa vai a caminho de fazer cem viagens
2002-07-17 23:55:13

Serão dois meses sem descanso. João Paulo II vai percorrer cerca de 30 mil quilómetros, de Roma à Croácia, passando pelo Canadá, México, Guatemala e Polónia. Há dois meses, o Vaticano admitiu, pela primeira vez, a hipótese do cancelamento das viagens do Papa, por razões de saúde. Mas o chefe da Igreja Católica partirá para Toronto, no próximo dia 23, iniciando assim a sua 97.ª viagem fora de Itália, em 24 anos de pontificado.


Desde a sua primeira deslocação ao México, em 1979, este Papa polaco tem privilegiado as viagens através do Mundo, como campo de batalha da sua função. Este peregrinar pela Terra tornou-se um continuado sermão sobre a dignidade humana e o poder redentor da fé.
Foi talvez a melhor estratégia que João Paulo II encontrou para moldar o seu pontificado e tentar levar a sua Igreja a um Mundo que evoluiu. Em Setembro perfará cem viagens, desde que é Papa, a falar pessoalmente a multidões de católicos e não católicos: camponeses, operários, industriais, intelectuais, políticos, educadores, estudantes, cientistas, médicos, enfermeiros, casais, jovens, clero de várias denominações, refugiados e imigrantes.
"Se ficasse no Vaticano, tal como a curia pretende, estaria sentado em Roma, a escrever encíclicas, que pouca gente leria. Assim, viajando e indo ao encontro das pessoas, congregarei multidões, povo simples e políticos, que me escutarão. De outro modo, nunca viriam até mim". As palavras são do Papa, dirigidas, em 1982, ao seu amigo padre Maliski (citado pelos jornalistas Carl Bernstein e Marco Politi, no livro "Sua Santidade", editado há seis anos).

Da Terra à Lua
A distância média da Terra à Lua é de 384.403 quilómetros. A totalidade dos percursos feitos por João Paulo II, nas suas viagens através do Mundo, já ultrapassou o triplo daquela distância.
É de notar que a estratégia de "sermão global" deste Papa encontrou um grande aliado nos meios de comunicação social, que lhe amplificaram os gestos e as palavras. Nenhum chefe de Estado gozou da cobertura mediática que foi dada às viagens papais. Ninguém, nem
mesmo o presidente dos Estados Unidos da América, foi seguido, como João Paulo II, por um exército de jornalistas de tantas nações.

Morrer em viagem
Fugir a morrer no Vaticano poderá ser uma das principais razões por que não escuta os mais íntimos colaboradores, que ultimamente o têm aconselhado a repousar. Entre esses conselheiros, contam-se o seu fiel secretário polaco, Stanislaw Diziwsz (personagem de inegável poder na cúria), e o jornalista espanhol, membro numerário da Opus Dei, Joaquín Navarro Valls, que é porta-voz do Vaticano e amigo pessoal de João Paulo II.
Este último, sendo também médico psiquiatra, acompanha de perto o estado de saúde e de espírito do Papa, mas este prefere arrastar ostensivamente o seu corpo enfermo pelos caminhos da Terra, mesmo sabendo que pode sucumbir à morte em qualquer momento.
Os seus mais próximos colaboradores estão convencidos de que João Paulo II sabe muito bem que um Papa passa à história, não tanto por convocar um concílio mas, sim, se for mártir.

Palácios do Vaticano
Não tendo sucumbido ao atentado de que foi alvo, na Praça de São Pedro, em Roma, em 13 de Maio de 1981, João Paulo II procura martirizar-se no "apostolado", porventura ao encontro da morte em alguma destas viagens político-missionárias.
Há 20 anos, segundo o próprio Papa, o atentado foi abortado, por milagre da Virgem. A partir de então, João Paulo II ter-se-á convencido de que está imbuído de um desígnio divino, não só como Papa eslavo chamado a reunificar a Europa, mas como um mártir da transição de séculos, expondo a sua própria vida.
A um chefe da Igreja Católica com tais convicções não agradará certamente acabar a vida como um Papa burguês, nos frios e burocráticos palácios do Vaticano, rodeado de cardeais que pensam já no seu sucessor, alguns acalentando intimamente, talvez, deleitosos sonhos de grandeza.

Karol Wojtyla foi operário na juventude
Karol Wojtyla era arcebispo de Cracóvia, na Polónia, quando foi eleito Papa, em 16 de Outubro de 1978. Adoptou então o nome de João Paulo II.
Nascido em 1920, em Wadowice, na Polónia, foi ordenado padre em 1946, depois de ter trabalhado numa pedreira e, posteriormente, numa fábrica em Solvay.
O Papa Pio XII escolheu-o para bispo auxiliar aos 38 anos; o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de Cracóvia aos 44 e fez dele cardeal aos 47 anos. O papado chegou aos 58.
Marcado pela sua juventude operária na Polónia, pelos seus estudos universitários em Roma e pelo seu apostolado junto dos jovens, este homem de Igreja fundamentou a sua tese de doutoramento na "Ética" de Max Scheler e manteve-se, enquanto cardeal, a leccionar na universidade católica de Lublin.
Filósofo personalista e teólogo moralista, João Paulo II tem sido considerado um Papa conservador, no domínio das ideias teológicas e dos conceitos doutrinários (condena a contracepção, o aborto, a sexualidade fora do matrimónio, o casamento dos padres e a liberdade de costumes). Por outro lado, é tido como um papa progressista, numa perspectiva político-social (sensível aos problemas dos pobres, da justiça e dos direitos humanos, adverso dos extremismos e defensor da paz).
O atentado de que foi vítima, em 1981, e as consequentes intervenções cirúrgicas (como a extracção de 55 centímetros de intestino) minaram-lhe a constituição de atleta incansável. Onze anos depois, um tumor intestinal originou outra intervenção. Depois, surgiu a doença de Parkinson, cujo primeiro diagnóstico veio a público na revista "Newsweek", em Dezembro de 1998.

Fonte JN

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