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À PROCURA DA PALAVRA: DOMINGO XV DO TEMPO COMUM
2002-07-13 11:56:03

“Outras cairam em boa terra
e deram fruto.”
Mt 13, 9

Semear esperança a oriente

Uma recente sondagem a jovens israelitas e palestinianos revelou que 40 por cento deixaram de acreditar na paz e já não desejam o regresso às negociações. É espantoso o legado que os adultos no poder desses estados vão deixando às novas gerações! A morte da esperança, especialmente nos jovens, é a derrota da humanidade. A luta pela terra que marca as duas posições pode encontrar legitimidade até que ponto? E a terra dos seus corações, ainda será capaz de acolher as sementes?


Como em tantos outros conflitos do nosso tempo, a lógica do poder e do domínio não leva a uma verdadeira paz. Porque assenta sobre a destruição de outros e legitima-se pela força, apenas dura até vir uma força maior. O valor humano é irredutível a qualquer espécie de força. E estamos tão possuídos por esta “doença do poder”, por esta ânsia em dominar! É tão curta a vida para tão desmesurada ambição!

Diante da lógica publicitária, que mede os frutos em termos de audiência e consumo imediato, a parábola do semeador pouco valor tem. Não sabemos as sementes que vão germinar, há um tempo de espera que custa muito, é preciso cuidar das pequenas plantas. Uma coisa podemos fazer: preparar o terreno. Mesmo que acredite na força das sementes, nenhum agricultor sério descuida essa importância de preparar o campo. Retirar-lhe as pedras, arrancar e queimar os espinhos, passar o arado ou a enxada. Mas esta parábola vai ainda mais longe. Este surpreendente semeador lança a semente em todo lado. É mais urgente esse acto do que ter todos os campos preparados. Porque as sementes têm uma força insuspeitada!

Alguns grãos de trigo com três mil anos encontrados nas pirâmides egípcias, uma vez semeados, produziram trigo como se fossem sementes jovens! É sempre possível a esperança se não optarmos pela morte! Se não deixarmos de acreditar nos imensos dons que cada pessoa tem, se não quisermos impor só o nosso ponto de vista, se não transformarmos em absoluto o que é relativo, rompe-se o casulo da morte em que estávamos. Assim, viver é a arte de lançar sementes. Estas que já conhecemos, e as outras que ainda estão adormecidas dentro de cada um. Algumas só descobrimos quando “abrimos o saco”. São as surpresas que Deus dá em abundância!

Gostava de dizer isto aos jovens israelitas e palestinianos. Como gostava que nós fundássemos mais a nossa esperança no valor das pessoas do que no valor do dinheiro ou do poder. Este, basta uma crise para fazer tremer as seguranças, aquele, não se esgota nunca!

P. Vítor Gonçalves

PS: A equipa do Paroquias dá os parabéns ao Pe. Vitor pelo seu 11 aniversário de ordenação.


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