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Primeira Escola Multirreligiosa Está Prestes a Nascer no Reino Unido
2002-07-10 23:30:14

Os líderes dos quatro principais grupos religiosos do Reino Unido estão a trabalhar num plano revolucionário: juntar, na mesma escola secundária, crianças muçulmanas, judias, cristãs e hindus, noticiou anteontem o jornal "The Guardian".

A ideia não passa apenas por criar a primeira escola multirreligiosa do país, que deverá nascer em Westminster, Londres, com mais de mil alunos inscritos. O objectivo é ainda mais ambicioso: espalhar este tipo de estabelecimentos de ensino por todo o país.

A iniciativa é o culminar de meses de discussão à volta do papel das escolas religiosas no Reino Unido. É que, depois dos acontecimentos de 11 de Setembro, muito se tem debatido sobre se faz sentido a existência de estabelecimentos que separam as pessoas com base na sua fé. O arcebispo da Cantuária, George Carey, já havia anunciado que as escolas anglicanas deveriam abrir as portas a crianças de outras religiões. Agora, a Igreja Anglicana quer ir mais longe e descreve este plano como meio caminho para "uma nova era" nas relações entre as comunidades religiosas.

Os promotores da escola multirreligiosa pretendem que alunos que professam diferentes fés aprendam, comam e brinquem lado a lado. Já as orações diárias devem ser feitas separadamente e cada um deve aprofundar a sua religião. Haverá, no entanto, uma assembleia de escola onde diariamente todos se deverão juntar para discutir questões morais e éticas.

Para o rabi Jonathan Wittenberg, da sinagoga de New North London, que tem liderado o processo como representante da comunidade judaica, o projecto permitirá que as crianças aprofundem "as questões éticas" que dizem respeito a todos, ao mesmo tempo "que estudam a sua religião de uma forma muito séria".

De resto, todos os líderes religiosos envolvidos no projecto estão confiantes. "Este novo século será um tempo em que comunidades com fés completamente diferentes trabalham juntas e compreendem-se melhor", diz John Hall, chefe do departamento de educação da Igreja Anglicana, citado pelo "Guardian".

Zaki Badawi, director de um colégio muçulmano em Londres, considera que, mesmo para as famílias mais tradicionais, a nova escola será encarada como "uma boa alternativa à escola estatal".

A proposta de criação da nova escola terá de ser autorizada pelo Ministério da Educação - mas sabe-se que o executivo de Tony Blair é favorável às escolas religiosas e encara-as não como algo que separa as pessoas, mas que as integra na sociedade. Nos últimos quatro anos, Blair até tem encorajado estes estabelecimentos a integrarem o sistema público de ensino, suportando os seus custos. Em troca, o primeiro-ministro consegue que todos os alunos, independentemente da escola religiosa que frequentem, aprendam o currículo nacional.

Actualmente, mais de um quarto dos estabelecimentos de ensino do país são dirigidos por organizações ligadas a várias igrejas. Muitos têm o apoio do Estado e apresentam resultados melhores do que as escolas regulares.

Fonte Público

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