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Fiéis de 15-45 anos preocupam Igreja
2002-06-26 01:03:17

UMA aposta na catequese de adultos é a principal decisão dos bispos católicos para fazerem face ao acentuado decréscimo (cerca de meio milhão) de crentes que deixaram de frequentar a missa dominical nos últimos 25 anos.

Esta opção da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi revelada ao EXPRESSO por D. António Marcelino, responsável pelas jornadas sobre o recenseamento da prática dominical, que esta semana reuniu em Fátima os bispos e os responsáveis pastorais das 20 dioceses. «Perante o significativo abandono da prática dominical por parte dos católicos com idades entre os 15 e os 45 anos, a principal tarefa terá de ser a evangelização dos adultos».

Apesar de não indicar a percentagem dos abstencionistas dominicais daquela faixa etária, D. António Marcelino, defende «a opção por uma catequese continuada, depois da catequese efectuada na infância».

Falta solidariedade

O bispo de Aveiro reconhece, contudo, que não se deverá concretizar um modelo único para orientar esta decisão, porque «não existem receitas pré-estabelecidas para cada situação».

Após analisar os resultados do recenseamento, o episcopado mandou efectuar um estudo interno que deverá estabelecer as estratégias de actuação da Igreja, ficando contudo ao critério de cada bispo decidir o método a implantar na sua diocese.

O projecto da catequese de adultos deverá, segundo D. António Marcelino, realçar «o valor sagrado do domingo», tanto mais que, defende, «é motivando o crente para a participação» nessa eucaristia que ele terá «uma acção social mais empenhada».

O bispo de Aveiro sustenta ainda que os dados sobre a afluência dos católicos à missas dominicais devem levar a Igreja «também a reflectir num novo modelo de paróquia».

Esta vivência, diz D. António Marcelino, «tem de passar por uma dimensão humana maior e por uma solidariedade de relação, muitas vezes esquecida».

A falta de solidariedade é, segundo o bispo, uma das causas que tem levado a «deslocar o uso do domingo para outros interesses, que naturalmente se impõem em resultado de novas solicitações da sociedade para o dia de descanso».

Nunca a Igreja Católica se havia confrontado com a necessidade de reformular institucionalmente a catequese, que praticamente só existe até à adolescência.

Mas os dados do recenseamento de 2001 - apesar da percentagem de católicos se manter nos 82% do levantamento de 1991 -, mostram a maior quebra no número de assistentes às missas dominicais.

Ao domingo surgem novos interesses

No período de dez anos, os templos católicos ficaram com menos 310 mil pessoas, uma diferença muito mais significativa do que a que registada entre o recenseamento de 1977 e o de 1991. Nesse período, a Igreja viu apenas fugir das missas de domingo 200 mil fiéis.

Entre as comunidades agora mais penalizadas estão curiosamente as das diocese de Lisboa e de Braga, que perderam, respectivamente, 9% e 11% de presenças dominicais.

E enquanto, o relatório da diocese lisboeta, faz interrogações sobre o modo com são preparadas as missas - «são momentos de festa e de beleza, momentos de reenvio em missão?» -, o documento de Braga insiste no actual modelo de acolhimento e «no esforço por uma maior integração» dos crentes.



Fonte Expresso

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