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À PROCURA DA PALAVRA: DOMINGO XII DO TEMPO COMUM
2002-06-25 23:24:28

“Não temais:
Valeis muito mais do que os passarinhos.”
Mt 10, 31

O que vale uma pessoa?

Estes dias que antecedem o Verão são, em muitas circunstâncias, uma época de avaliações. Como nos ritmos agrícolas, também na vida existe um tempo das colheitas. Os estudantes com as provas globais e os exames, as paróquias com o final de ano pastoral e a perspectiva do próximo, e até o futebol, com o Mundial que surge de quatro em quatro anos, acabam por suscitar um olhar avaliativo.


Faz parte do nosso crescimento esta capacidade de avaliar. Podemos discutir os critérios, podemos até encontrar justificações para as coisas menos boas mas, se queremos fazer algum caminho, é preciso aprender com o passado.

Creio que muitos concordam que o valor mais importante em qualquer avaliação são as pessoas. Avalia-se o esforço, o empenho, o trabalho, a criatividade, o “amor à camisola” mais do que as ilusões ou desilusões. Sem dúvida que também são importantes os resultados, mas não se podem reduzir as pessoas a “máquinas produtivas”. A economia tem de estar ao serviço das pessoas, e não inverso. Em áreas como a educação e a saúde seria fundamental uma maior avaliação: não é bom professor quem tirou um curso ou tem habilitação para dar esta ou aquela disciplina; é preciso gostar profundamente de ensinar e aprender com os seus alunos; não é bom médico ou enfermeiro quem foi “barra” nos estudos; se não gosta das pessoas seria preferível ir trabalhar com máquinas!

O que cada pessoa vale vai-se descobrindo com as dificuldades. É aí que se revelam as qualidades interiores, a força de vontade, a grandeza de coração, a generosidade. É o tesouro de cada pessoa que se criou com o contributo de tantos gestos de amor verdadeiro dos pais, de amigos, dos educadores. É muito pobre avaliar alguém pelos seus “títulos”, como se fossem rótulos de um produto qualquer. Por isso, o mais importante na educação não são as “condições” em que crescemos mas o amor, a esperança e a coragem recebidos!

Quando Jesus faz o “programa pastoral” para os discípulos e os envia a anunciar a Boa Nova, o que lhes diz é para não terem medo! Ele sabe que o medo mata a criatividade, a confiança, a coragem, a aprendizagem. Sabe que o medo busca o conforto, o egoísmo, a mediocridade, a hipocrisia. Quem tem medo não avalia nem quer ser avaliado. Não quer aprender com o passado para avançar. Quer tudo já perfeito. É o contrário de Jesus: Ele conhece o imenso valor de cada pessoa, confia nos seus dons, aponta-lhe caminhos ousados, perdoa as suas fragilidades e mantém a esperança viva. Que encantador “programa” para a Igreja e para a nossa vida de cristãos!

P. Vítor Gonçalves


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